Oito dias após indicação, ‘número 2’ do MEC anuncia saída da pasta
Ligada a uma igreja evangélica, Iolene Lima anunciou pela Twitter que não seguirá no ministério
Oito dias após ser anunciada pelo ministro Ricardo Vélez Rodríguez como nova secretária executiva do Ministério da Educação (MEC), a educadora Iolene Lima informou sua saída do cargo – considerado como o “número 2” na hierarquia da pasta – antes mesmo de assumir.
Na madrugada desta sexta-feira, 22, Iolene utilizou sua conta no Twitter para informar que não faz mais parte da equipe do ministério. Sem apresentar detalhes sobre a motivação da mudança, ela escreveu: “Hoje, após uma semana de espera (para assumir), recebi a informação de que não faço mais parte do grupo do MEC”.
A educadora disse que aceitou o convite para “servir ao país” e “construir um Brasil melhor por meio da educação”, reforçando que deixou um emprego de cinco anos à frente do Colégio Inspire, em São José dos Campos (SP), que ajudou a fundar.
“Diante de um quadro bastante confuso na pasta, mesmo sem convite prévio, aceitei a nova função dentro do ministério”, pontuou Lima, que desejou “boa sorte” para o governo Bolsonaro e o ministro Ricardo Vélez Rodríguez.
Troca de indicações para ‘número 2’
No último dia 12, o ministro havia anunciado a substituição de Luís Antônio Tozi, que ocupava o cargo de secretário executivo do MEC, por Rubens Barreto da Silva, secretário executivo adjunto. Barreto, porém, não chegou a assumir a secretaria e Iolene foi nomeada no dia 14.
Ligada à Primeira Igreja Batista de São José dos Campos, atualmente conhecida como Igreja da Cidade, Iolene Lima chegou a defender, ao longo da carreira como educadora, a posição de que toda disciplina do currículo escolar deveria ser organizada “sob a ótica das escrituras”, referindo-se a passagem bíblicas. O ponto de vista provocou resistências entre outros educadores.
“Uma educação baseada em princípios é uma educação baseada na palavra de Deus. Onde a geografia, a história, a matemática vai ser vista sob a ótica de Deus. Então o aluno vai aprender que o autor da história é Deus. O realizador da geografia foi Deus. Deus fez as planícies, Deus fez os relevos, Deus fez o clima”, disse Iolene em entrevista a um canal evangélico em 2013.
O ministro Vélez Rodríguez ainda não se manifestou sobre o novo nome que assumirá o cargo.
Atrito com a bancada evangélica
Na última quinta-feira, deputados da bancada evangélica cancelaram participação em reunião marcada com Vélez – em mais um episódio de desgaste. Em parceria com outras bancadas, os evangélicos organizam apoio ao senador Izalci Lucas (PSDB-DF), um dos cotados para substituir o atual ministro.
Diversas exonerações marcaram as últimas semanas do MEC, especialmente após indisposição de Vélez com o grupo ligado ao escritor Olavo de Carvalho. Além disso, o ministro vem conduzindo uma administração marcada por polêmicas, como a determinação de que as escolas gravassem os alunos cantando o Hino Nacional e enviassem vídeos ao Ministério da Educação (MEC). A Procuradoria da República do Distrito Federal abriu investigação para apurar se houve improbidade administrativa no caso.