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O luxuoso casamento da neta de Paulo Maluf

Alessandra Maluf Alves da Silva, neta do político, que cumpre prisão domiciliar, casa-se em festa luxuosa, organizada por cerimonialista de Oprah Winfrey

Por João Batista Jr. Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 15h51 - Publicado em 21 jun 2019, 07h00

Foi uma surpresa até mesmo para convidados acostumados a casamentos de arromba. Dois corredores de 1,20 metro de altura, ladeados por mais de 10 000 orquídeas brancas, foram postos nos 70 metros de extensão entre a rua e o altar na Paróquia Nossa Senhora do Brasil, na riquíssima região dos Jardins, em São Paulo. Quem curvasse o pescoço para cima, e era impossível não curvá-lo, teria um deleite visual: quatro arranjos colossais de rosas colombianas flutuavam sobre o altar. A cerimônia religiosa, comandada pelo maestro Renato Misiuk, foi um agradável aperitivo da festa de casamento de Alessandra Maluf Alves da Silva e Henrique Samson Cury, em 1º de junho. A noiva é neta de Paulo Maluf, que cumpre pena de prisão em regime domiciliar de sete anos, nove meses e dez dias por lavagem de dinheiro.

O casamento dos jovens de origem libanesa foi um dos mais deslumbrantes da recente crônica social brasileira. Para começar, os pingos nos is: engana-se quem imagina que oferecer festa suntuosa requer exclusivamente dinheiro, muito dinheiro. Dá uma trabalheira danada. Ao longo de um ano, Alessandra manteve reuniões semanais no Brasil e nos Estados Unidos para selecionar e, depois, coordenar a equipe de fornecedores.

A escolha dos profissionais foi rigorosa. A noiva contratou o decorador de casamentos mais badalado do mundo: Preston Bailey, cuja lista de clientes inclui Oprah Winfrey, Mariah Carey e as famílias reais do Catar e da Arábia Saudita. Mr. Bailey, com sete coffee table books no currículo, nunca havia assinado um casamento no Brasil. Ele fez um trabalho impressionante. Foi preciso alugar o salão de festas do Hotel Unique durante três dias para a montagem (80 000 reais a diária). No teto, entre fileiras de flores, foi criada uma tenda finíssima ornamentada com mosaicos de renda e minirrosas. O desenho aparecia também na decoração das mesas.

Paulo Maluf
FRAGILIDADE - Maluf, 87 anos: sucessivas internações hospitalares (Leonardo Benassatto/Reuters)

Os queixos caíram. O lustre de cristal tinha 4 metros de altura. Com cardápio assinado pelo chef Emmanuel Bassoleil, chamaram mesmo atenção as mesas de doces. Alessandra contratou dez confeiteiros. O bolo, de 2 metros de altura, parecia uma escultura de rosas brancas de açúcar (preço da obra: 20 000 reais). Apaixonado por música eletrônica, o casal trouxe da África do Sul o duo de DJs Goldfish, acostumado a se apresentar em festivais como o Coachella. O custo final: 10 milhões de reais, pagos pelo pai da noiva, Eduardo Elias Alves da Silva, da família fundadora da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas).

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Existe algo típico de qualquer casamento, seja de gente rica, de gente remediada ou pobre: alguns convidados teimam em encontrar defeitos. No enlace de Alessandra e Henrique, os mais antenados em moda viram uma notável semelhança entre o vestido de noiva feito de renda francesa com camadas de tule point d’esprit assinado por Paulo Dolce e a peça da grife Valentino usada pela modelo Ana Beatriz Barros no casamento com o magnata egípcio Karim El Chiaty, em 2016, na Grécia. Pura maldade, claro. Mas que eram muito parecidos, idênticos até, eram sim, e o decote não deixou dúvida. Tudo somado, a festança só perdeu para outras de padrão semelhante em um único quesito: a pouca exposição nas redes sociais. Os paulistanos quatrocentões, ricos de quatro costados, não costumam celebrar sua vida em contas abertas. É tudo muito restrito a seus pares.

A pergunta que não quis calar: Paulo Maluf daria o ar da graça? Em tese, ele poderia fazer um pedido às autoridades. Mas não, ele não foi. Dona Sylvia, a mulher do político, esteve na cerimônia religiosa e ficou pouquíssimo na festa para voltar à mansão da Rua Costa Rica, localizada a 1 quilômetro do hotel onde o rega-­bofe corria solto. Aos 87 anos, Maluf não pode sair de casa, onde cumpre prisão domiciliar. Além disso, está doente e locomove-se em cadeira de rodas. Há duas semanas, os advogados do homem que desde 2010 consta na lista da Interpol, com ordem de prisão válida para 194 países, tiveram negado o pedido de indulto humanitário por parte do STF. Tenta-se manter a rotina na mansão de Maluf, avaliada em mais de 50 milhões de reais, e agora transformada em cela de luxo. Dona Sylvia ainda joga truco todos os dias, às 17 horas, ao lado de amigas da colônia libanesa. A animação é interrompida sempre que brotam más notícias. Na quarta-feira 19, a Justiça Federal em São Paulo condenou três filhos de Maluf — Lina, a mãe da noiva, entre eles — por desvios de dinheiro público. Cabe ainda recurso. Surpresas como essas acontecem nas melhores famílias — casamentos como o de Alessandra e Henrique é que são raros.

Publicado em VEJA de 26 de junho de 2019, edição nº 2640

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