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O dilema de Bolsonaro: um vice raiz ou um político profissional

Presidente quer como colega de chapa alguém de sua confiança e sem relação com o Congresso, mas pode ser obrigado a se render a um cacique partidário

Por Daniel Pereira 13 jun 2021, 10h37

Jair Bolsonaro já decidiu que não reeditará a chapa com o general Hamilton Mourão em 2022 e escolherá um novo nome para vice em sua campanha à reeleição. Desconfiado por natureza, o presidente acha que Mourão cobiçou a sua cadeira e, por isso, prefere escolher para o posto uma pessoa de sua estrita confiança, um bolsonarista raiz que não tenha nenhuma relação com o Congresso, o que dificultaria a vida do escolhido caso esse passasse a flertar com a ideia de derrubar o presidente reeleito por meio de um processo de impeachment. Parece um excesso de precaução, mas faz sentido na lógica de quem vê conspiradores em todos os cantos e demitiu ministros com gabinete no Palácio do Planalto por suspeitar de traição. Bolsonaro pode optar por essa solução, digamos, caseira caso a aprovação popular a seu governo melhore e ele recupere terreno nas pesquisas de intenção de voto, nas quais aparece em segundo lugar, atrás de Lula.

O presidente aposta na recuperação econômica e na expansão dos programas de transferência de renda para melhorar a sua popularidade. Até agora, no entanto, essa melhora não ocorreu. Pesquisa XP/Ipespe divulgada na sexta-feira 11 mostrou que metade da população considera o governo ruim ou péssimo. Eram 31% em outubro do ano passado. Já nas simulações de segundo turno, Bolsonaro se vê mais distante de Lula. Em maio, a vantagem do petista era de apenas dois pontos porcentuais (42 a 40). Em junho, subiu para nove pontos (45 a 36). Caso o cenário atual se mantenha até 2022, a tendência é Bolsonaro optar por um plano B, como defendem os líderes do Centrão. Para eles. o mandatário tem de escolher para vice um quadro de um grande partido e que seja originário de uma região do país refratária a Bolsonaro. Presidente do Progressistas e fiador da aliança do Centrão com o ex-capitão, o senador Ciro Nogueira (PI) se enquadra nesse perfil.

Como a eleição promete ser acirrada e Ciro Nogueira está empenhado até o momento na campanha pela reeleição, há quem defenda um objetivo mais ousado: um vice de um partido de centro considerado independente e que, se aderisse à coligação, poderia dar a ela ares mais moderados. O sonho de consumo é o DEM. O presidente da legenda, ACM Neto, declarou publicamente que não apoiará Bolsonaro e que trabalha por uma candidatura própria da sigla à Presidência. Os bolsonaristas estão certos de que podem fazê-lo mudar de ideia. Eles cogitam oferecer a ACM Neto a vaga de vice. Outra possibilidade é oferecer apoio a uma eventual candidatura dele ao governo da Bahia, na qual enfrentará o PT, e convidar para vice outro quadro do DEM. De preferência, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

Eleito por Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país, Pacheco entrou no radar de setores do PIB que trabalham pela construção de uma candidatura de centro na próxima sucessão presidencial e passou a ser cotado até como cabeça de chapa. O PSD de Gilberto Kassab pretende convidá-lo a se filiar ao partido com a perspectiva de ser candidato a presidente. Os bolsonaristas dizem que Pacheco não disputará a Presidência, independentemente da legenda em que esteja, mas que pode aceitar o posto de vice. Afirmam ainda que, se Bolsonaro recuperar popularidade, PSD e DEM podem embarcar na campanha à reeleição. O fato é que hoje a chance maior é de Bolsonaro ter um político profissional e bem relacionado com o Congresso como vice, o que não é o cenário de sua preferência. Ou seja: o pragmatismo tem de tudo para prevalecer no embate com o viés ideológico tão caro ao ex-capitão.

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