O balde de água fria para um governo preocupado com a imagem
Metade dos entrevistados pela Quaest diz que a exposição de Lula tem piorado a avaliação que eles fazem do político

Dentro do governo não são poucos os que admitem que vitrines de antigos mandatos do presidente Lula como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Bolsa Família não emocionam mais o eleitor. O discurso de salvação da democracia, que carregou o petista para a vitória de 2022 contra Jair Bolsonaro, tampouco faz frente às principais preocupações do brasileiro identificadas na última pesquisa Genial/Quaest: violência, questões sociais e economia. Com esse diagnóstico, o levantamento divulgado pelo instituto comandado pelo cientista político Felipe Nunes foi um balde de água fria para um governo.
Sem marca para chamar de sua, o Executivo trocou o comando da secretaria de Comunicação em janeiro, tirando deputado petista Paulo Pimenta e o substituindo pelo marqueteiro Sidônio Palmeira. Para o eleitor, porém, a mudança não veio acompanhada da percepção de melhorias. O governo está antes de tudo marcado pelo signo da desconfiança. Os programas tidos como vitrines do terceiro mandato do petista, como o Pé de Meia, o Desenrola e o Acredita, têm pouco impacto positivo na vida dos entrevistados – 7%, 3% e 2% – enquanto para 33% nenhum programa citado pelo levantamento – que vai do Bolsa Família ao crédito para o trabalhador – representa alteração na vida do eleitor. A Quaest mostra que a desaprovação do governo segue em alta – atingiu 56% em março, alta de sete pontos porcentuais na comparação com janeiro.
Outras tentativas de captar o eleitor que se afasta do petista também deram em água. O anúncio do governo de zerar tarifas do imposto de importação de onz alimentos é desconhecido pela maior parte da população. Pesquisa Quaest mostra que 56% só ficaram sabendo agora da medida. A isenção do Imposto de Renda para Pessoas Físicas que ganham até 5.000 reais é mais conhecida da população (53%), mas 51% dizem que a medida vai trazer uma “melhora pequena” para suas próprias finanças.
Entre os entrevistados, 47% têm visto mais notícias negativas do que positivas sobre o governo, enquanto 44% indicam que a troca de ministros não alterou a comunicação do Executivo. Entre os que responderam aos questionamentos do instituto de pesquisa, 38% dizem que Lula tem aparecido mais fazendo discursos e dando entrevistas, mas a percepção do eleitorado é a de que o desempenho do presidente é desastroso: 50% dizem que a exposição do mandatário aos holofotes tem piorado a avaliação que eles fazem do político.