‘O Anderson Torres não tem nada a revelar’, diz advogado do ex-ministro
Eumar Novacki diz que o Supremo agiu certo ao "dar um basta na escalada de violência", mas que seu cliente não tem relação com os atos golpistas

Após a prisão do ex-ministro da Justiça Anderson Torres por suposta omissão frente aos atos golpistas na Esplanada dos Ministérios, surgiram rumores de que ele poderia fazer uma delação premiada e comprometer o ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas essa possibilidade, segundo o advogado do ex-delegado, não existe.
VEJA entrevistou o advogado Eumar Novacki, um ex-militar que foi chefe da Casa Civil do governador do DF, Ibaneis Rocha, e que chegou a ocupar interinamente o cargo de ministro da Agricultura no governo de Michel Temer. Ele garante que não existe a perspectiva de delação por parte de seu cliente. “O ex-ministro Anderson Torres não tem nada a revelar”, afirmou.
Pode ser um despiste? Pode. Os rumores de que o ex-ministro estaria disposto a delatar emergiram diante das informações de que ele, preso há quase 90 dias, está enfrentando problemas de saúde e tem reclamado de abandono, como mostra uma reportagem da edição impressa de VEJA desta semana.
O advogado informou que vai apresentar ao Supremo Tribunal Federal um novo pedido de libertação de seu cliente — o terceiro nos últimos três meses. “O Supremo agiu certo ao dar um basta na escalada de violência, mas vamos provar que o Anderson não tem nenhuma ligação com as manifestações de 8 de janeiro”, diz Novacki, ressaltando que o ex-ministro não pretende fugir, não ameaça testemunhas e nem representa qualquer tipo de perigo à sociedade.
Consultado por VEJA, o professor de Direito Processual da Universidade Federal Fluminense João Pedro Pádua também ressalta que não vê motivo para uma prisão tão longa. “Não me parece que esteja demonstrado o risco de que ele interfira nas apurações ou represente perigo imediato para a sociedade”, diz.