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Nióbio, Bolsonaro e China: as negociações para a privatização da Codemig

Governador Zema se encontrou pessoalmente com o presidente para tratar da venda da estatal que tem os direitos de explorar o metal em Minas

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 29 out 2020, 13h03 - Publicado em 29 out 2020, 12h52

Eleito com o mote de se livrar de todas as estatais mineiras, o governador Romeu Zema (Novo) tenta tirar do papel a privatização da primeira – a Codemig (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais). O principal atrativo da empresa é uma mina de nióbio em Araxá (MG) – coincidentemente a cidade onde nasceu o governador -, que desperta o interesse do presidente Jair Bolsonaro e de grupos chineses. Tendo isso em vista, Zema foi a Brasília na última segunda-feira, dia 26, tratar do tema pessoalmente com Bolsonaro e o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento), Gustavo Montezano.

O plano do governo mineiro é transformar o BNDES em sócio da estatal e depois vendê-la a um grupo privado. Num primeiro momento, o banco federal injetaria dinheiro na empresa e depois operacionalizaria a sua privatização. Segundo o governador, Bolsonaro, no entanto, considera a exploração do metal estratégica e quer mantê-la na mão dos brasileiros.

Durante a campanha presidencial, o presidente falou diversas vezes que a China estava de olho no nióbio e que não os deixaria extraí-lo como se fosse outros minérios. Usado para reforçar e deixar o aço mais leve, o nióbio também é tido como um material promissor pela sua aplicação na fabricação de baterias de carros elétricos.

A ideia de Bolsonaro é que a Codemig seja vendida para a Companha Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), que já é responsável pela produção majoritária do nióbio no Brasil. Ocorre que a companhia já tem como sócia minoritária algumas siderúrgicas chinesas – a participação maior, no entanto, está sob controle da família Moreira Salles.

O plano de Zema é conseguir inicialmente 9 bilhões de reais pela venda de 49% da empresa, o que aliviaria as dívidas do governo. “Nós somos o estado mais quebrado do Brasil. A minha bandeira é que um estado quebrado não consegue fazer investimentos. Quem não gere bem uma empresa não pode ficar com esses ativos”, disse o governador a VEJA.

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A Assembleia Legislativa de Minas já deu a aprovação para a venda de 49% da empresa – o restante fica com o estado. Zema agora quer aumentar essa porcentagem para 51%, porque ele entende que nenhuma empresa privada vai querer ser sócia minoritária do empreendimento, ficando sujeita a decisões do governo mineiro. Segundo ele, se isso for aprovado, o valor da Codemig dobraria.

Na cabeça do governador, a privatização da Codemig seria a primeira a puxar a fila por ser atrativa economicamente e não gerar tantas divergências políticas. Ele também pretende privatizar a Cemig (companhia energética), Gasmig (companhia de gás), Copasa (companhia de saneamento), além de conceder 3.000 quilômetros em trechos de rodovias em Minas e o Terminal Rodoviário de Belo Horizonte. Mas o caminho não será fácil, porque, para isso, ele precisa de ajuda federal e aval do Legislativo mineiro.

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