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‘Nem se pensou sobre isso’, diz general Heleno sobre visita a palestinos 

Senador Flávio Bolsonaro nega que viagem presidencial Israel seja usada por Benjamin Netanyahu para ajudar em sua releeição, em 9 de abril

Por Julia Braun, de Jerusalém
Atualizado em 1 abr 2019, 12h10 - Publicado em 31 mar 2019, 10h38

O ministro-chefe do Gabinete Institucional (GSI), Augusto Heleno, afirmou neste domingo, 31, que o governo nem sequer pensou em incluir uma visita oficial aos territórios palestinos durante a viagem do presidente Jair Bolsonaro a Israel. Apesar dessa omissão, o general negou haver “desequilíbrio” na política externa brasileira na região.

Questionado sobre a razão de o presidente Bolsonaro ter excluído uma visita aos territórios palestinos, o general  Heleno afirmou que “nem se pensou sobre isso”. “É a mesma coisa: outro dia, fomos à Argentina e não fomos ao Chile. Querem fazer ilações que não são corretas”, disse. “Não tem tempo. Se formos para a Palestina, vamos alongar a viagem”.

O general irritou-se com a comparação feita por jornalistas entre a atual visita de Bolsonaro e a viagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2010, na qual o petista passou um dia e meio em Israel e um dia e meio na Cisjordânia. Para o responsável pela segurança do presidente, tratam-se de situações “heterogêneas. “Não vamos comparar não. Pelo amor de Deus”, disse.

Augusto Heleno esquivou-se de dar sentido a essas escolhas que, para analistas brasileiros, indicaram a redução da importância da Argentina e do Mercosul na política externa do atual governo, assim como a preferência a Israel, em detrimento ddas relacões com os países muçulmanos do Oriente Médio. “Nos interessa a aproximação com Israel, sem que isso signifique de maneira nenhuma um afastamento da comunidade árabe”, afirmou ainda.

Em declaração a jornalistas no hotel em que está hospedado em Jerusalém, o general Heleno disse ainda não haver previsão do anúncio sobre a abertura de um escritório de negócios do Brasil na cidade sagrada, conforme fora mencionado pelo Palácio do Planalto na semana passada. “Não está previsto declarar”, afirmou.

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Antes de embarcar para Israel, o presidente brasileiro afirmara que, por enquanto, considera a instalação de um escritório de negócios em Jerusalém, ao invés da transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém A hipótese da mudança, contudo, ainda não foi totalmente descartada.

A viagem de Bolsonaro a Jerusalém representa uma consolidação da aliança do governo de Bolsonaro com o de Benjamin Netanyahu. O resultado dessa agenda poderá mudar bruscamente a política externa do Brasil e, em especial, suas relações com os países do Oriente Médio.

A transferência da embaixada seria um gesto de reconhecimento da soberania de Israel sobre Jerusalém, questão que divide árabes e israelenses no conflito no Oriente Médio, além da própria comunidade internacional.

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Ajuda para Netanyahu

O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) negou que a visita de seu pai e presidente da República a Israel, na véspera de eleições parlamentares, seja utillizada politicamente por Benjamin Netanyahu como ajuda para sua reeleição. O pleito em 9 de abril marcará a continuidade ou o fim dos 10 anos de governo do líder conservador israelense, que buscou apoio na semana passada nos Estados Unidos.

Para o senador, a visita é um “marco importante” por ser a primeira do presidente fora das Américas e fora mencionada como prioritária durante a campanha eleitoral brasileira pelo então candidato do PSL.

O general Augusto Heleno afirmou que a visita de Bolsonaro a Jerusalém pode trazer muitos benefícios ao Brasil, inclusive na área de cooperação tecnológica na área de segurança. Acordos de cooperacão nessas áreas serão assinados nesta tarde pelo brasileiro em seu encontro oficial com Netanyahu.

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“A área de segurança tem um componente que evolui muito rapidamente, que é a parte tecnológica”, disse. “Toda a vez que a gente pode fazer esse tipo de intercâmbio é interessante”, completou, para admitir em seguir que parte das negociações deve ser mantida em sigilo, por motivos estratégicos.

“A vinda aqui não quer dizer que nós vamos comprar um monte de coisas, porque nós não estamos em condição de fazer isso”, disse. “Mas é lógico que Israel é um país extremamente desenvolvido na área de equipamento militar e é sempre bom estar em contato e se houver uma proposta que seja razoável e que nos interesse pode ser que aconteça” um negócio, concluiu.

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