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Não vai haver definição brusca ou radical, diz novo ministro da Saúde

Nelson Teich afirma, no entanto, que está alinhado com o presidente Jair Bolsonaro e que fará tudo para acabar com o isolamento social o mais cedo possível

Por Da Redação
Atualizado em 16 abr 2020, 18h47 - Publicado em 16 abr 2020, 17h40

O novo ministro da Saúde, o médico Nelson Teich, abriu seu primeiro discurso no cargo falando sobre a questão do isolamento social contra a Covid-19 e prometeu não fazer nenhuma mudança brusca no caminho adotado até aqui, mas ressaltou a importância de flexibilizar o mais cedo possível a política. Minutos antes, o presidente Jair Bolsonaro havia comunicado a troca de titulares no cargo defendendo novamente a flexibilização da quarentena. Teich fez questão de deixar claro que está totalmente alinhado com essa ideia. “Trabalhamos para que a sociedade volte o mais rapidamente à vida normal”, disse o médico ao lado do presidente Jair Bolsonaro, em coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira, 16.

A troca ministerial ocorreu após uma série de divergências entre Bolsonaro e o então titular da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que defendia o isolamento social como forma de diminuir a propagação do vírus. O presidente reiterou diversas vezes sua preocupação com a recessão econômica no país diante das orientações da pasta para manter comércio e serviços fechados.

Antes de defender “a volta da vida ao normal”, Teich fez uma breve explanação sobre a importância de saúde e economia andarem de mãos dadas em uma situação de emergência como a atual. “É muito ruim discutir saúde e economia, não competem entre si, são [temas] complementares”, disse. “Existem os determinantes sociais da saúde, a, estabilidade econômica, o desenvolvimento econômico arrastam outras coisas. Há mais recursos para ajudar a sociedade. Existe uma cooperação nesse sentido”, disse.

Tentando se equilibrar entre a necessidade de tomar decisões técnicas para combater o coronavírus e atender as demandas do presidente, Teich prometeu que irá pautar suas decisões com base na ciência. O governo Bolsonaro tem ressaltado a existência de um medicamento ainda misterioso que supostamente seria capaz de diminuir a carga viral de infectados pelo coronavírus, além de defender o uso irrestrito de cloroquina nos tratamentos, outra suposição médica sem embasamento científico.

Teich ressaltou também a importância de aumentar o número de testes realizados em todo país para ter “mais informação do que está acontecendo”. O principal entrave para estados e municípios terem real dimensão da doença, atualmente, é a escassez de kits para fazer os exames, o que leva a um alto grau de subnotificação. Em São Paulo, o estado mais afetado, ainda há uma fila de cerca de 20.000 diagnósticos a serem realizados.

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A escolha de Teich ocorreu após dificuldades da alta cúpula bolsonarista em encontrar um nome para substituir Mandetta. Médicos cotados foram reticentes diante das exigências de Bolsonaro e a ala militar se esquivou de chancelar um nome diante do desafio imposto pelo coronavírus, o que poderia manchar a reputação da corporação.

Em reunião nesta quinta-feira que selou a demissão de Mandetta, o agora ex-ministro disse ao presidente que não seria capaz de entregar o que ele queria, e desejou-lhe sorte.

Parte da comunidade médica vê com ressalvas a indicação de Teich para chefiar o ministério. O oncologista fez carreira no setor privado e não tem intimidade com a gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), que deverá ser um de seus principais desafios frente ao crescimento de casos graves de Covid-19 no Brasil. Por outro lado, seu nome recebeu a chancela a Associação Médica Brasileira (AMB). 

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