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Não passo um dia sem citar a Bíblia, afirma Marcelo Crivella

Prefeito do Rio, que não vê problema em misturar religião e política, diz que está aprendendo a governar e que não pretende posar com rainha de bateria

Por Monica Weinberg Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Thiago Prado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 31 dez 2017, 06h00 - Publicado em 31 dez 2017, 06h00

Ao longo do primeiro ano à frente da prefeitura do Rio de Janeiro, o carioca Marcelo Crivella (PRB), 60 anos, foi tachado de “prefeito sumido”, mas deu muito que falar. Ao alçar a cargos fundamentais pessoas ligadas à Igreja Universal, fundada pelo tio Edir Macedo, e cortar verbas da Parada Gay e do Carnaval, ao qual deu as costas evaporando-se dos eventos oficiais, cultivou a imagem de um político cioso de seu rebanho. Defendeu também os de casa: tentou emplacar o próprio filho na pasta da Casa Civil, caso que ainda será examinado pelo Supremo Tribunal Federal. Engenheiro de formação e bispo licenciado, o ex-senador e ex-ministro da Pesca afirma que o mérito o tem conduzido em suas escolhas. Nesta entrevista, diz que herdou uma bomba-relógio da gestão anterior e passa a mão na cabeça do aliado Anthony Garotinho, ex-governador atolado em denúncias.

Em seu primeiro ano de gestão, o senhor ganhou o apelido de “prefeito sumido”. É injusto? Claro. Pergunte ao ascensorista se não sou o primeiro a chegar à prefeitura todos os dias às 7 da manhã. Agora, não sou um homem que veio para estar nos holofotes do palco. Faço política discretamente. Esse é o meu estilo.

Além de cortar verbas para o Carnaval, o senhor não participou da festa. Desta vez a religião pesou? Cortei a verba porque precisava de recursos para investir em creches e creio que o Carnaval tem potencial para andar por conta própria, sem depender do Estado. O desfile das escolas de samba fatura com ingressos e patrocínio. Não fui ao Sambódromo porque minha promessa de campanha é cuidar das pessoas, e não sambar na avenida. O que diria meu eleitor se eu fosse lá para tocar pandeiro e aparecesse do lado de uma rainha de bateria? Não é justo que, para receber aplauso, eu crie um clone de mim mesmo e vire um soldado da demagogia.

O senhor vetou a exposição Queermuseu no Rio alegando que ela fazia “profanação de símbolos de culto”. Aí foi uma decisão do prefeito ou do bispo Crivella? Aquela exposição ofendia o catolicismo, e as pessoas que me elegeram exigem de mim respeito a todas as religiões.

O senhor foi ministro de Lula e teve o apoio da família Bolsonaro no segundo turno da eleição do Rio de Janeiro. Apoiará algum dos dois em 2018? São candidatos expressivos, porém em campos muito radicais. Precisamos de forças conciliatórias para o imprevisível processo eleitoral de 2018. Meu partido, o PRB, aguarda o surgimento de uma liderança de centro que desperte a fé das pessoas. Está tudo muito indefinido ainda, mas acho que na hora certa o eleitor vai evitar os extremismos e optará pelo voto conservador.

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Conservador também nos valores? Sim, sem dúvida. Os fundadores do Estado americano — Thomas Jefferson, George Washington, John Adams — eram homens de oração que, no entanto, jamais tentaram doutrinar. Propagaram princípios e valores cristãos altamente benéficos para a sociedade. Faço o mesmo: leio a Bíblia desde os 9 anos e não passo um dia sem citá-la. O problema não é misturar política e religião, mas sim Estado e Igreja

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