Na prisão, ex-ministro da Justiça enfrenta a depressão e o abandono
Tomando remédios para depressão profunda, Anderson Torres emagreceu 12 quilos, não vê as filhas há 3 meses e tem crises de choro

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres está passando por maus momentos. Desde que foi preso por supostamente atuar num plano golpista que resultou nos ataques de 8 de janeiro, a vida dele virou de cabeça para baixo. Delegado da Polícia Federal, ele passou de investigador a investigado. Depois de quase três meses de detenção num quartel militar em Brasília, o ex-ministro, segundo relato de pessoas próximas, está fragilizado emocionalmente, doente e se diz abandonado pelos amigos e antigos colegas.
O local da prisão fica a 15 quilômetros da Esplanada dos Ministérios, onde ocorreram os atos golpistas. Na ocasião, Anderson ocupava o cargo de secretário de Segurança do DF. A suspeita é que o ex-delegado teria se omitido ou mesmo ocultado informações que permitiram as manifestações que culminaram na depredação dos prédios do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal.
Recentemente, ele foi informado por uma irmã que a mãe havia voltado a fazer quimioterapia contra um câncer que ressurgiu após sua prisão. Desse dia em diante, Anderson entrou em um estado de tristeza profunda, chora constantemente, mal se alimenta e já perdeu 12 quilos.
O ex-ministro optou por não receber na prisão a visita das duas filhas menores, de 9 e 11 anos de idade, que deixaram de frequentar a escola depois da prisão do pai. A única filha que esteve no quartel foi a mais velha, de 13 anos de idade. Durante as visitas, todos ficam confinados numa sala.
A sala improvisada como cela onde o ex-ministro está preso há 84 dias tem um beliche, uma pequena mesa, televisão, frigobar e banheiro. Um dos poucos amigos que ainda mantém contato com a família de Anderson é o ex-deputado Fernando Francischini. “O Anderson é um preso político, pois até traficante o Supremo solta quando fica muito tempo detido”, diz.