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MPF aponta 12 ligações entre compadre de Lula e Costamarques

Para procuradores, telefonemas comprovam que houve 'contato atípico' entre os dois no período em que recibos de aluguel de cobertura foram assinados

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 out 2017, 23h21 - Publicado em 19 out 2017, 23h17

A força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba apresentou nesta quinta-feira ao juiz federal Sergio Moro registros de doze ligações telefônicas entre Roberto Teixeira, advogado e compadre do ex-presidente Lula, e o empresário Glaucos da Costamarques, dono de uma cobertura vizinha à do petista no edifício Hill House, em São Bernardo do Campo (SP), e utilizada pelo ex-presidente. Os dados foram obtidos a partir da quebra dos sigilos telefônicos de ambos.

Para os procuradores, as ligações corroboram a versão de Costamarques de que, após contato com Teixeira, em novembro de 2015, assinou, de uma só vez, recibos referentes aos alugueis entre fevereiro de 2011 e outubro de 2015, mesmo sem ter recebido pela locação no período. Segundo o empresário, o compadre de Lula informou a ele que, dali em diante, o aluguel seria pago.

Os investigadores sustentam que Glaucos da Costamarques foi utilizado como “laranja” na aquisição do imóvel, que teria sido comprado pela Odebrecht a Lula como propina. Os recibos foram apresentados pela defesa do petista a Moro como forma de comprovar que os alugueis foram pagos normalmente.

Ainda de acordo com a versão de Costamarques, os recibos foram levados a ele pelo contador João Muniz Leite, que lhe prestava serviços, durante sua internação no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, entre novembro e dezembro de 2015. A entrada do empresário no hospital, para uma cirurgia cardíaca, se deu no dia anterior à prisão de José Carlos Bumlai, primo dele e amigo de Lula.

A defesa de Glaucos da Costamarques afirmou no processo que foi Bumlai quem lhe pediu para comprar a cobertura vizinha à da família Lula da Silva, para atender a um pedido de Marisa Letícia. Ainda conforme os defensores do empresário, ele recebeu Roberto Teixeira durante a internação no Sírio-Libanês, ocasião em que o advogado teria lhe informado sobre a regularização do aluguel. O hospital, contudo, informou a Sergio Moro que tem registros de visitas do contador Muniz Leite.

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Segundo o MPF, as doze ligações entre Costamarques e Teixeira mostram que, embora não tenha havido visita do advogado ao empresário no Sírio-Libanês, houve contato “atípico” entre eles “justamente no período de internação hospitalar”. “Essa frequência de contatos se apresenta atípica para aquele ano, já que, em 2015, só foram identificados sete contatos telefônicos em fevereiro (em um único dia) e mais um em outubro”, afirmam os procuradores.

Os registros indicam que, no dia seguinte à prisão de Bumlai, 25 de novembro de 2015, Glaucos da Costamarques e Roberto Teixeira se falaram duas vezes ao telefone. Cerca de uma semana depois, entre os dias 3 e 4 de dezembro, foram registradas três visitas do contador João Muniz Leite a Costamarques, quando os recibos teriam sido assinados. Nos dias 5, 6, 14 e 17 de dezembro, o empresário e o compadre de Lula trocaram dez ligações.

Lula, Glaucos da Costamarques, Roberto Teixeira e outras seis pessoas são réus no caso que apura se a Odebrecht pagou cerca de 13 milhões de reais em propina ao ex-presidente, por meio das aquisições da cobertura de São Bernardo do Campo e de um imóvel que abrigaria o Instituto Lula, em São Paulo.

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Defesa de Lula

Por meio de nota, o advogado Cristiano Zanin Martins, defensor de Lula, afirma que “após desmentido do hospital, Lava Jato cria nova versão”. “Os ofícios mostram que o Sr. Glaucos da Costamarques não foi visitado no hospital pelo advogado Roberto Teixeira enquanto estava internado, entre novembro e dezembro de 2015”, diz o texto.

“A Força Tarefa da Lava Jato volta a agir de modo desleal, ao anexar ao processo nesta data um relatório unilateral, com base em dados telefônicos que dispunha desde janeiro de 2017 e que em relação aos quais a defesa do ex-Presidente Lula não tem acesso”, afirma Zanin Martins.

Ainda conforme o advogado de Lula, “o MPF busca, ainda, confundir chamadas não efetivadas e ainda chamadas dirigidas a um ramal central com supostos telefonemas ao advogado Roberto Teixeira”.

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