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Moro deve se reunir com Bolsonaro para discutir vaga em ministério

Juiz da Lava-Jato pretende se encontrar com presidente eleito nesta quinta-feira, no Rio de Janeiro

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 16h34 - Publicado em 31 out 2018, 12h00

O juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava-Jato em Curitiba, pretende se reunir nesta quinta-feira (1º), no Rio de Janeiro, com o presidente eleito Jair Bolsonaro para discutir a possibilidade de se tornar ministro da Justiça. A interlocutores, o juiz tem dito que vai ouvir as propostas de Bolsonaro e analisar se existem “convergências” de pensamento.

Nos últimos dias, Moro ouviu ponderações sobre os prós e contras de assumir um cargo executivo no recém-eleito governo Bolsonaro. Além de ter de deixar a magistratura, o juiz teria de lidar com o discurso de petistas de que suas sentenças no petrolão – que até o momento foram responsáveis por 215 condenações contra 140 pessoas – tiveram viés político.

A narrativa do PT tende a ser potencializada com a proximidade da conclusão do processo em que o ex-presidente Lula é acusado de ter recebido um terreno e um apartamento como propina da empreiteira Odebrecht. Dentro de duas semanas, o ex-presidente também deve ficar cara a cara com o juiz durante depoimento em que Lula é acusado de ter sido beneficiado pelas empreiteiras OAS e Odebrecht com reformas em um sítio em Atibaia.

Ao longo da Lava-Jato, sempre que questionado, Sergio Moro negou ter pretensões políticas. Suas aspirações giravam em torno da possibilidade de ser indicado a uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF), mas a próxima vaga só será aberta em 2020, com a aposentadoria compulsória do decano Celso de Mello.

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Durante entrevista à RecordTV na última segunda-feira, o presidente eleito afirmou a sua pretensão de ter Sergio Moro ou no Ministério da Justiça ou no STF, quando a vaga estiver disponível. No mesmo dia, falando ao Jornal Nacional, Jair Bolsonaro defendeu o juiz Moro como “um símbolo do Brasil”. “É um homem que tem que ter seu trabalho reconhecido. Pretendo conversar com ele, convidá-lo para o Ministério da Justiça ou, no futuro, abrindo uma vaga no Supremo Tribunal Federal, na qual melhor ele achasse que ele poderia trabalhar pelo Brasil”.

Em nota divulgada nesta terça, Moro disse que “sobre a menção pública pelo Sr. Presidente eleito ao meu nome para compor o Supremo Tribunal Federal quando houver vaga ou para ser indicado para Ministro da Justiça em sua gestão, apenas tenho a dizer publicamente que fico honrado com a lembrança. Caso efetivado oportunamente o convite, será objeto de ponderada discussão e reflexão”.

Na reta final da campanha presidencial, Jair Bolsonaro fez acenos ao Judiciário. Além de ter ouvido avaliações do ministro Ives Gandra Martins Filho, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), o então presidenciável disse à ministra aposentada do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon que “seus propósitos de ter o Brasil grande são sinceros”.

A edição desta semana de VEJA mostrou que ministros do STF acompanham com lupa os movimentos do presidente eleito. A maior parte das preocupações dos magistrados não advém do presidente em si, mas da parcela bolsonarista do novo Congresso que saiu das urnas no dia 7 de outubro. Bolsonaro é teatral, tem discurso político inflamado, mas não ficou quase trinta anos no Congresso “sem aprendizado”, avaliam ministros do STF. As declarações do deputado reeleito Eduardo Bolsonaro de que bastariam um soldado e um cabo para fechar o Supremo também acenderam um sinal de alerta entre os ministros da mais alta corte do país. Assim que o vídeo com as declarações do congressista veio a público, os magistrados se telefonaram e trocaram mensagens entre si. Nas conversas, “imbecil” foi uma das alcunhas mais amenas recebidas pelo parlamentar.

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