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Militares veem revanchismo e vão buscar a oposição contra mudanças na aposentadoria

Cúpula das Forças Armadas foi alertada da investida dos oficiais no Congresso

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 jan 2025, 20h34 - Publicado em 19 jan 2025, 19h42

A inclusão dos militares no pacote de ajuste fiscal anunciado pelo governo Lula deve gerar uma corrida aos gabinetes dos parlamentares de oposição em busca de alterações no texto.

Em novembro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o Ministério da Defesa seria atingido pela tesourada nos gastos. Para isso, um projeto propondo mudanças no sistema de proteção social – a Previdência dos militares – foi encaminhado ao Congresso. Ainda sem um relator definido, a matéria deve ser debatida neste ano.

Internamente, a avaliação é a de que o texto precisa de mudanças e que os políticos de oposição ao governo tendem a ser mais abertos ao diálogo com a caserna. A investida já foi alertada à cúpula militar, que vê como impossível evitar desgastes com a votação de um tema como esse.

Durante a transição, um time de oficiais avisou alguns dos interlocutores do governo Lula, entre os quais o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, que o tema era um dos mais sensíveis e deixou expresso que alguns benefícios do sistema de proteção eram “inegociáveis” – entre eles, a ida ao pijama com direito ao último salário da função. Esse ponto ficou de fora, mas mesmo assim houve reação à reforma.

Do total de 70 bilhões de reais previstos com o corte de gastos, as propostas que envolvem os fardados representam uma economia de 4 bilhões de reais em dois anos. O Tribunal de Contas da União (TCU) ataca o privilégio dos militares quando vão para a reserva e aponta o grupo como o maior responsável pelo rombo na Previdência.

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No entanto, uma das medidas propostas foi vista mais como uma cutucada do que um avanço econômico de fato: a que acabou com as pensões pagas aos familiares quando os fardados são expulsos após serem presos ou condenados – a chamada morte ficta.

Atualmente, são menos de 500 militares nessa condição de “morte” dentro das três forças, o que representa um gasto de cerca de 40 milhões de reais por ano. A medida atinge, portanto, um percentual ínfimo dentro da caserna. “É uma medida mais psicológica do que econômica. E tem endereço certo: os generais Braga Netto, Mario Sergio e os outros envolvidos”, afirma um importante general. Venceu, portanto, a simbologia.

O incômodo, neste caso, é com o que se considera um revanchismo por parte do governo num momento em que as Forças Armadas, acossadas pelas investigações que atingem militares aliados ao presidente Jair Bolsonaro, estão fragilizadas perante a opinião pública.

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Além disso, do jeito que está, os “ex-militares” presos perderão o direito a qualquer pensão após cumprirem a pena, mesmo aqueles que pagaram o sistema de proteção durante toda a carreira.

Também se busca uma regra de transição mais ampla para a adequação à idade mínima de 55 anos proposta no texto. Do jeito que está, dizem os militares, haverá um acúmulo de oficiais que obrigatoriamente vão para a reserva quando não são promovidos, mas terão de continuar servindo até atingirem a idade. Enquanto isso, a entrada de novos soldados fica impedida.

O presidente Lula até havia acenado ser favorável a uma transição maior. No entanto, ele fechou as portas para a negociação após a Marinha divulgar um vídeo no qual contesta os privilégios das Forças e ataca a vida boa dos civis.

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