MDB defende ‘permanecer no rumo certo’ e decide lançar Meirelles
Partido exaltou os feitos econômicos do ex-ministro à frente da Fazenda e se apresenta como caminho de centro contra os extremos
A direção nacional do MDB decidiu lançar a candidatura do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles à Presidência da República, em posição que foi anunciada através de uma “carta à nação”, divulgada nesta sexta-feira. O partido do presidente Michel Temer (MDB) defendeu a candidatura de Meirelles alegando que não teve tempo para implementar seu programa e prometendo “permanecer no rumo certo”.
“Queremos continuar o trabalho apenas iniciado. Não tivemos tempo para implementar e desenvolver plenamente nossas propostas, mas não vamos abandonar nem esquecer o esforço exitoso feito por cada um dos brasileiros. Pelo contrário: é hora de permanecer no rumo certo. De perseverar para prosperar”, diz trecho do comunicado.
Ao longo do texto, o partido exaltou os resultados econômicos do governo Temer – e, por tabela, da gestão de Meirelles à frente da Fazenda. Segundo o MDB, foi a gestão do partido que impediu “que o Brasil descarrilhasse de vez em 2015”.
“Havia a necessidade de recolocar o Brasil nos trilhos. E foi o que fizemos. Levamos à prática uma política econômica sólida, com princípios e propósitos claros. E o Ministério da Fazenda, sob o comando de Meirelles, revelou-se exemplar. Atuou com coragem e conhecimento para botar ordem na casa”.
O documento é assinado pelo presidente nacional da legenda, senador Romero Jucá (RR), pelo ministro de Minas e Energia Moreira Franco – chefe do braço de formação do partido, a Fundação Ulysses Guimarães (FUG) –, e pelos presidentes das seccionais de mulheres, negros, jovens, sindicalistas e ambientalistas do MDB. O discurso do partido para lançar Henrique Meirelles à Presidência é o de se colocar ao centro e combater extremos. “O Brasil não quer ir para a direita, nem para a esquerda. O que os brasileiros e as brasileiras querem é ir em frente”.
A posição da direção emedebista ainda terá de ser referendada na convenção do partido, que será no próximo dia 2, em Brasília. Segundo o Radar, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) pretende defender a neutralidade nas eleições, mas não deve ser bem-sucedido. A candidatura de Meirelles, que vai arcar com a maior parte dos próprios custos, não enfrenta mais a mesma resistência de antes no partido, uma vez que fará a defesa pública do governo Temer, mas permitindo que os diretórios e lideranças fiquem livres para os arranjos regionais.
O MDB ressaltou voluntariamente um fato curioso: se Meirelles vencer as eleições, será o primeiro presidente do partido eleito pelo voto direto. A legenda venceu o pleito indireto de 1985 com Tancredo Neves, mas seus três presidentes foram eleitos como vices: José Sarney (em 1985, com Tancredo), Itamar Franco (em 1989, com Collor) e, agora, Michel Temer (em 2010 e 2014, com Dilma Rousseff).
Leia a íntegra do documento divulgado pelo MDB.