Mauro Cid: entre a delação e a contribuição
Pessoas próximas ao ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro tentam minimizar o impacto das declarações e do acordo firmado com a Polícia Federal
O entorno do tenente-coronel Mauro Cid vem se esforçando para minimizar o impacto e a surpresa causados após ele ter firmado uma colaboração premiada com a Polícia Federal.
Segundo pessoas próximas ao ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, que evita usar o termo “delação”, o militar está apenas “contribuindo” com as investigações e respondendo aos questionamentos feitos no âmbito de inquéritos que apuram, entre outros temas, o suposto desvio de joias recebidas pelo governo, a fraude em cartões de vacinação e os supostos movimentos golpistas para contestar o resultado eleitoral de 2022.
Conforme esses relatos, Cid ainda nutre um carinho especial pelo ex-presidente, mas as “contribuições” acabaram sendo a última cartada para que ele conseguisse sair da prisão. O militar ficou preso de maneira preventiva por quatro meses, e ganhou a liberdade após firmar o acordo com a polícia.
VEJA revela nesta edição que, em depoimentos já prestados pelos militar, ele contou que vendeu dois relógios recebidos pelo governo brasileiro após determinação de Jair Bolsonaro. Segundo Cid, todo o valor foi repassado ao ex-presidente.
Mauro Cid atuou no governo Bolsonaro ao longo dos quatro anos de mandato e exercia múltiplas funções ao lado do ex-presidente, como acompanhá-lo durante viagens e reuniões, atender telefonemas, agendar encontros e pagar contas pessoais. Por isso, ele é tido pelos investigadores como uma peça-chave para as apurações que envolvem o ex-mandatário.