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Marcos Pereira vira peça-chave na disputa à Presidência da Câmara

Presidente do Republicanos é pressionado a abandonar candidatura e ceder espaço a aliado - mas garante que, dessa vez, vai até o fim

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 11 ago 2024, 18h29

A permanência do deputado Marcos Pereira, presidente do Republicanos, na disputa pela presidência da Câmara sempre foi tratada como uma incógnita entre os principais articuladores da sucessão de Arthur Lira (PP-AL). Em 2020, Pereira se lançou candidato, dizia ter fincado os pés na campanha e jurava ir até o fim – mas não foi. Após ser alijado das negociações com o então presidente Rodrigo Maia, ele abandonou a candidatura, migrou de bloco e passou a apoiar a eleição do deputado alagoano. À época, firmou um acordo: ao final de seus prováveis dois mandatos à frente da Casa, Lira apoiaria Pereira para ser o seu sucessor.

Hoje, tal acordo está em suspenso, e Arthur Lira tem, além do dirigente do Republicanos, outras duas principais opções para apoiar na disputa marcada para fevereiro do ano que vem – os deputados Elmar Nascimento (União-BA) e Antônio Brito (PSD-BA). As negociações envolvem principalmente o lançamento de um nome que seja, ao mesmo tempo, leal ao atual presidente da Câmara e forte o suficiente para obter a maioria dos 513 votos da Casa.

Aliados de Arthur Lira vinham espalhando haver “alternativas” a Marcos Pereira que pudessem convencê-lo a sair da jogada. Foi ventilada, por exemplo, a indicação a um ministério ou a um outro cargo relevante na República, como uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU) – em 2023, um colega de partido, Jhonatan de Jesus, foi premiado com a cadeira na Corte.

Também chegou-se a cogitar uma dobradinha entre Elmar e Pereira, segundo a qual aquele que estivesse com mais apoiamentos seria o candidato, enquanto o outro iria desistir. Até aqui, o deputado do Republicanos vem resistindo e garante que, dessa vez, vai até o final. “Meu nome estará como candidato na disputa em fevereiro. Acredito que reúno todas as condições para unificar as diferentes alas políticas do plenário da Câmara. Mas se houver necessidade de disputa, vamos para a disputa”, disse Marcos Pereira a VEJA.

O presidente do Republicanos sofre pressão para abrir mão da candidatura e ceder espaço ao líder do seu partido, o deputado paraibano Hugo Motta. O parlamentar está com a popularidade em alta por transitar com extrema facilidade da base à oposição e, principalmente, no conhecido baixo clero do plenário. Pessoas do entorno mais próximo ao presidente da Câmara garantem que a entrada de Motta mudaria todo o cenário, cessaria a disputa e resolveria o impasse de Lira. Só falta combinar com Pereira, que rejeita o movimento – aliados afirmam que seria até uma “desmoralização” fazer esse gesto a um liderado na altura do campeonato.

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Com o republicano indicando estar disposto a ir até o fim, partidos como o MDB e o PSD já sinalizaram que poderiam debandar para o seu lado numa eventual candidatura de Elmar, situação o que confirmaria o racha indesejado por Lira, que quer eleger o seu sucessor num pleito consensual.

Acenos para Lula e Bolsonaro

Na tentativa de garantir o apoio do PT e do PL, os dois maiores partidos da Câmara, Marcos Pereira vem fazendo acenos duplos. De um lado, ele está dedicado a se colocar como uma posição confiável para o governo e, por isso, vem buscando uma aproximação com os principais ministros, entre os quais o articulador Alexandre Padilha e o chefe da Casa Civil , Rui Costa – Pereira e Rui, inclusive, tiveram um jantar na última quarta-feira, 7.

Hoje, um dos principais entraves ecoados pelo Planalto é o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, que é filiado ao Republicanos e vem sendo incensado como um possível adversário de Lula nas eleições de 2026. Pereira tenta minimizar a relação prometendo uma gestão longe das disputas políticas e pondera, inclusive, que Tarcísio pode deixar o partido e migrar para o PL.

Já do outro lado, Pereira buscou refazer as pontes com Bolsonaro, a quem chamou de “turista nos Estados Unidos” ao fim das eleições de 2022, quando o ex-presidente deixou o país sem passar a faixa a Lula. Bispo licenciado da Universal, o candidato também chegou a ser vetado por uma corrente de líderes evangélicos. Os problemas, garante, ficaram no passado.

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