Manifestação teve ‘pautas legítimas e democráticas’, diz Bolsonaro
Presidente fez referência a pedido seu para que manifestantes não atacassem Congresso e STF; nos atos, porém, houve críticas a Maia e ministros do Supremo
O presidente Jair Bolsonaro afirmou no final da tarde deste domingo, 26, por meio do Twitter, que a grande maioria dos manifestantes foi às ruas durante o dia pelo país “com pautas legítimas e democráticas”.
“Há alguns dias atrás, fui claro ao dizer que quem estivesse pedindo o fechamento do Congresso ou STF hoje estaria na manifestação errada. A população mostrou isso. Sua grande maioria foi às ruas com pautas legítimas e democráticas, mas há quem ainda insista em distorcer os fatos”, afirmou sem especificar a quem estava se referindo.
Antes das manifestações, setores do bolsonarismo difundiam nas convocações feitas pelas redes sociais que um dos objetivos dos atos era pressionar o Congresso e o Supremo Tribunal Federal a não criarem obstáculos à pauta defendida por Bolsonaro na eleição.
O movimento foi desestimulado pelo próprio Bolsonaro, que pediu aos manifestantes que não atacassem os parlamentares nem os ministros do STF para não piorar o ambiente político e dificultar ainda mais a aprovação das reformas propostas pelo governo.
Integrantes do PSL, partido do presidente, que convivem com o Parlamento, como a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (SP), e o presidente da legenda, Luciano Bivar (PE), foram contra as realizações dos protestos.
Mesmo assim, houve críticas ao STF e ao Congresso em vários atos pelo país. No Rio, um boneco inflável do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), um dos principais alvos do bolsonarismo, chegou a ser levado à manifestação em Copacabana.
Em Brasília, manifestantes em cima de um carro de som se fantasiaram de lagostas, um dos alimentos previstos em uma polêmica – e milionária – licitação aberta para a compra de alimentos para a Corte.
Também no final da tarde, o presidente postou uma foto de uma idosa caminhando com o apoio de um equipamento na manifestação para cobrar parlamentares, governadores, prefeitos e ministros.
De manhã, durante um culto evangélico no Rio, Bolsonaro já havia elogiado os atos deste domingo como uma “manifestação espontânea”, como um recado “para aqueles que, com suas velhas práticas, não deixam que o povo se liberte”.
“Pela primeira vez na história do Brasil um presidente eleito está cumprindo o que prometeu na campanha”, afirmou, ao microfone, no templo. O presidente se emocionou durante o discurso, ao agradecer a Deus por sua vida. “Peço orações para mim, para o Brasil e para as autoridades. Para que possamos vencer os obstáculos”, discursou.
De volta a Brasília
Ao desembarcar de volta à capital federal, Bolsonaro voltou a elogiar as manifestações. “Não houve nenhum incidente. Foram pedir aquilo que todos querem: paz, democracia, liberdade, responsabilidade. Vamos negociar o futuro dessas crianças”, disse o presidente. No local algumas crianças estavam acompanhadas dos pais.
Perguntado sobre a quantidade de pessoas nas ruas, o presidente declarou que as “imagens valem mais do que mil palavras”. Questionado se sua fala anterior sobre “velhas práticas” era um recado ao Congresso, respondeu: “Pergunta para o povo”. Ele rejeitou classificar os atos como “protestos”. “Não teve protesto nenhum”, disse.
(Com Estadão Conteúdo)