Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Mais um delegado sai das investigações do caso Marielle no Rio

Daniel Rosa, que capitaneava o inquérito, deixa a Delegacia de Homicídios do Rio; conforme VEJA antecipou, Moysés Santana assume

Por Marina Lang Atualizado em 18 set 2020, 15h19 - Publicado em 18 set 2020, 11h27

O titular da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro, Daniel Rosa, foi exonerado do cargo na madrugada desta sexta-feira, 18, por meio do boletim interno da Polícia Civil fluminense. Ele foi o principal responsável pelo inquérito e pelas investigações do duplo homicídio da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes, por um ano e seis meses. A saída foi determinada pelo novo secretário da Polícia Civil do Rio, Allan Turnowski, nomeado para o cargo na última segunda-feira, 14, pelo governador interino do Rio, Cláudio Castro.

A mudança na pasta da Segurança foi antecipada por VEJA na última sexta-feira, 11.

No lugar de Rosa, conforme a reportagem apurou, entrará o delegado Moysés Santana, que até então era lotado na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF).

Continua após a publicidade

As saídas de Rosa e do delegado Antônio Ricardo Nunes, diretor do Departamento Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHGPP), marcam a terceira troca de comando das investigações do caso, que hoje completa 919 dias sem apontar os mandantes e o porquê do assassinato da vereadora de de seu motorista.

Embora tratada com naturalidade pelos quadros policiais, já que as nomeações a divisões e cargos importantes são feitas na base da confiança do secretário, a mudança na estrutura da DHGPP acontece em meio a investigações de grande repercussão na Delegacia de Homicídios da Capital: as apurações relacionadas a bicheiros, milicianos e contraventores, ao Escritório do Crime, grupo de criminosos que pratica assassinatos sob encomenda no Rio, e ao duplo homicídio da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes, ocorrido em 14 de março de 2018 no Estácio, região central do Rio.

O PM reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio de Queiroz estão presos na Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia, e são os réus apontados pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio como executores dos assassinatos de Marielle e Anderson.

Continua após a publicidade

Em vídeo divulgado na noite de ontem, o novo secretário da Polícia Civil fluminense afirmou que não há interferência política no caso.

“Quero trazer pessoas da minha confiança para o primeiro e segundo escalões, e isso foi feito. Esses diretores que foram escolhidos por mim de forma técnica, transparente e sem qualquer interferência política escolhem seus delegados titulares para trabalharem consigo, também de forma técnica e sem interferência”, declarou Turnowski.

Ele argumenta que um novo delegado no caso Marielle trará uma “nova estratégia” para as investigações. “A ideia é que antecipe a descoberta de eventuais mandantes desse crime. O delegado Moysés tem muita experiência nessa questão de combate à milícia”, prosseguiu o novo secretário.

Continua após a publicidade

Trata-se da terceira gestão que assume as investigações do caso Marielle e Anderson. A primeira fase das investigações foi comandada pelos delegados Giniton Lages, Fábio Cardoso e Rivaldo Barbosa, que foram substituídos em 2019. O núcleo investigativo comandado por Antônio Ricardo e Daniel Rosa prosseguiu apurando os mandantes das execuções. Agora, os delegados Roberto Cardoso, novo titular da DHGPP, e Moysés Santana assumem a próxima etapa do inquérito, que já armazena 65 volumes e mais de seis mil páginas de investigações.

O novo titular da DHGPP é tido como um delegado de confiança de Turnowski. O departamento, por sua vez, é visto como “profundamente estratégico” pela nova gestão.

Continua após a publicidade

A troca no Departamento de Homicídios, porém, contraria uma promessa feita por Castro, governador interino, ao deputado federal Marcelo Freixo (PSOL), amigo pessoal e padrinho político de Marielle. VEJA apurou que Castro se comprometeu pessoalmente com o deputado, no começo deste mês, a não mudar o núcleo investigativo que apura a emboscada contra a vereadora e seu motorista. A promessa, no entanto, não durou duas semanas. Procurada, a assessoria do governador em exercício declarou que “a troca administrativa é de responsabilidade do secretário de Polícia Civil”.

Antônio Ricardo e Daniel Rosa deixam um legado de investigações. Foi sob a tutela deles que a DHC, junto ao Ministério Público do Rio, desencadeou a Operação Tânatos, que levou à prisão de Leonardo Gouvea da Silva, o Mad, em 30 de junho, além de outros milicianos relacionados ao Escritório do Crime. Mad é citado por investigadores como substituto do ex-capitão do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), Adriano Magalhães da Nóbrega, em uma complexa organização criminosa que trabalha a mando de contraventores, além de dominar as comunidades de Rio das Pedras e Muzema, na zona oeste do Rio. Nóbrega foi assassinado em fevereiro durante uma operação policial com objetivo de capturá-lo na Bahia.

A última operação, batizada de Dèja Vu (algo já visto, em tradução livre), foi desencadeada no começo de setembro e está relacionada ao caso Marielle e Anderson. Mandados de busca e apreensão foram expedidos contra o ex-vereador Cristiano Girão Matias, apontado por um documento da PF como o mandante de um caso similar em que um casal foi morto na comunidade de Gardênia Azul. Quem teria desferido os tiros a mando de Girão seria o PM aposentado Ronnie Lessa, que já é réu pelas mortes de Marielle e Anderson.

Continua após a publicidade

Daniel Rosa assume a 15ª Delegacia de Polícia na Gávea, zona sul do Rio. Já Antônio Ricardo comandará a 28ª DP, em Campinho, na zona norte da capital.

 

 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.