Relâmpago: Assine Digital Completo por 1,99

Lula e Kassab encenam um ato de pragmatismo e desconfiança

Presidente quer estreitar laços com o PSD, que se recusa a uma parceria eleitoral desde já e provavelmente rumará em 2026 com quem tiver mais chance de vitória

Por Daniel Pereira Atualizado em 8 fev 2025, 16h50 - Publicado em 8 fev 2025, 15h45

Uma das prioridades do presidente Lula para fortalecer o governo — e a sua eventual candidatura à reeleição — é estreitar laços com o PSD, partido que conquistou o maior número de prefeituras em 2024, controla três ministérios e tem a maior bancada do Senado, além da quarta da Câmara. A negociação entre as partes, como de costume, não será fácil.

Comandante do PSD, Gilberto Kassab disse recentemente que, se a eleição fosse hoje, Lula seria derrotado. De quebra, ainda declarou que Fernando Haddad, da Fazenda, é um ministro fraco. A repercussão foi imediata. Primeiro, porque Kassab dirige uma legenda que tem pré-candidato à Presidência, o governador do Paraná, Ratinho Jr. Segundo, porque Kassab é secretário do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), cortejado por políticos e empresários para concorrer ao Planalto já em 2026.

Com problemas de popularidade e de gestão, Lula sabe que alianças custam mais caro em conjunturas desfavoráveis. O presidente preferiu não polemizar e só lembrou ao “companheiro” Kassab que faltam quase dois anos até a próxima votação. Em conversas reservadas, Kassab se disse surpreso com a repercussão de suas declarações. Em público, resolveu mudar de tom. “Ainda é muito cedo para afirmar qualquer coisa sobre a eleição. Ele ainda pode reverter o cenário. Ele é forte”, declarou ao jornal Estado de S. Paulo.

De olho em 2026

Se não conseguir fechar alianças formais com partidos de centro para a próxima eleição, Lula quer pelo menos fortalecer núcleos de apoio a ele nessas legendas, inclusive naquelas que trabalharam por Jair Bolsonaro em 2022  e ainda têm alas expressivas simpáticas ao ex-presidente. No caso específico do PSD, depois de evitar a polêmica com Kassab, o petista distribuiu afagos a outros dois integrantes da sigla: o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco.

Lula disse que não pretende tirar Silveira do ministério e afirmou que seu candidato ao governo de Minas é Pacheco. O governo também cogita dar uma pasta mais poderosa para a bancada do PSD na Câmara, que hoje está à frente do Ministério da Pesca. O plano é claro: enquanto Kassab não se decide sobre 2026, o presidente avança nas negociações com outros caciques da sigla. 

Apoio caro

O presidente conhece como poucos o Centrão, grupo político que controla o Congresso e do qual o PSD faz parte. Quando tentava salvar o mandato de Dilma Rousseff, ele prometeu concessões diversas às legendas que agora corteja, que responderam com juras de fidelidade e continuaram no ministério da presidente até que, ao detectar a iminente derrocada da petista, debandaram para o lado do vice Michel Temer.

Kassab foi um dos que fizeram esse movimento e, como ocorreu no passado, deve seguir o rumo dos ventos em 2026. Como a classe política em geral, ele só fechará uma aliança eleitoral com Lula se o presidente estiver com alta popularidade e o governo bem aprovado. Além de desconfiança, o pragmatismo marca a relação entre os dois. 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

ECONOMIZE ATÉ 88% OFF

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$ 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.