Lula chega ao Egito para a COP27 e pretende retomar compromisso ambiental
Na conferência, presidente eleito deve reforçar posição por desmatamento zero; taxa bateu recorde para o mês de outubro em série histórica iniciada em 2015
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva chegou na noite desta segunda-feira, 14, a Sharm el-Sheikh, no Egito, para participar da conferência do clima das Nações Unidas, a COP 27. O petista foi convidado a participar do encontro pelo presidente do Egito, Abdul Khalil El-Sisi.
Lula terá uma intensa agenda no local a partir de quarta-feira. Ele participa a partir das 6 da manhã, horário de Brasília, do painel Carta da Amazônia – uma agenda comum para a transição climática com os governadores Waldez Góes (PDT-AP) Gladson Cameli (PP-AC), Mauro Mendes (União-MT), Helder Barbalho (MDB-PA), Wanderlei Barbosa (Republicanos-TO), e Marcos Rocha (União-RO).
Depois, a partir das 12h15, Lula fará um pronunciamento na área das Nações Unidas. O petista chega ao Egito cercado de expectativas em um momento especialmente grave: a área sob alertas de desmatamento na Amazônia atingiu, em outubro, 904 km quadrados, um recorde para o mês na série histórica iniciada em 2015. Os dados foram divulgados nesta segunda em relatório do sistema Deter-B, do Inpe.
Na quinta, o presidente eleito deve se encontrar com representantes da sociedade civil brasileira no pavilhão Brazil Hub, e, às 10 horas, com o Fórum Internacional dos Povos Indígenas/Fórum dos Povos sobre Mudança Climática.
Na sexta-feira (18), Lula segue para Portugal, onde se encontra com autoridades portuguesas. Ele retorna para o Brasil no fim de semana.
Também há a possibilidade de Lula comunicar que pretende levar a COP para o Brasil em 2025. A presidência da conferência do clima tem rotatividade regional e voltará a ser de um país latinoamericano em 2025. O evento teria acontecido no Brasil em 2019, mas foi cancelada por Jair Bolsonaro ainda em 2018, logo após sua eleição.
O meio ambiente será uma das prioridades do novo governo. Durante o anúncio de novos nomes para o Gabinete da Transição, o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, destacou que o tema é de uma “gravidade impressionante”: “Esta é uma grande preocupação. A emissão do carbono, no caso do Brasil, se você somar o escapamento da moto, do carro, do avião, da lancha, do trem, do boi, o lixão, o esgoto, a chaminé da fábrica, isso dá um pouquinho mais de 50%. Só o desmatamento é quase 50%”, lembrou Alckmin.
Ele fez referência às florestas do Brasil, Indonésia e Congo que são fundamentais para o combate às mudanças climáticas, por possuírem vastas áreas de florestas tropicais. O governo brasileiro anunciou uma aliança com esses países para “valorização da biodiversidade e remuneração justa de serviços ambientais”.
Aloizio Mercadante, que está na coordenação dos Grupos Técnicos do Gabinete de Transição e foi ministro nos governos do PT, de áreas como Educação, Casa Civil e Ciência e Tecnologia, também falou sobre negociações para a liberação de recursos do Fundo Amazônia.
“O Fundo Amazônia tem cerca de R$ 3 bilhões hoje, que estão impedidos de serem liberados por causa da falta de compromisso do governo brasileiro no combate ao desmatamento. Nós já tivemos conversas com o governo da Alemanha e da Noruega que devem autorizar, no dia seguinte da posse, a liberação dos recursos”, projetou.
Criado em 2008, o fundo recebe doações de instituições e governos internacionais para financiar ações de prevenção e combate ao desmatamento na Amazônia Legal. Em 2019, a Alemanha e a Noruega suspenderam os repasses para novos projetos após o governo brasileiro apresentar sugestões de mudança na aplicação dos recursos e extinguir colegiados de gestão do fundo.
No último dia 3, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o governo federal reative o Fundo Amazônia. Pela decisão da Corte, a União tem prazo de 60 dias para cumprir a medida.
Com Agência Brasil