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Lava Jato encontra 17 mil caixas com documentos sobre esquema de Cabral

Itens estavam em depósito de transportadora de valores, que, segundo o MPF, funcionava como "banco paralelo" para movimentar dinheiro

Por Agência Brasil 21 fev 2019, 02h21

Procuradores da força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro encontraram 17 mil caixas com documentos que trazem mais informações sobre o esquema de pagamento de propinas durante a gestão do ex-governador Sérgio Cabral. As caixas estavam em um depósito na Pavuna, zona norte do Rio, e pertenciam à transportadora de valores, Trans Expert, que de acordo com o Ministério Público Federal, funcionava como “banco paralelo” para movimentar o dinheiro do esquema de corrupção

A empresa responsável pelo armazenamento das caixas fez contato com as autoridades, depois que a transportadora deixou de fazer os pagamentos pela guarda. Três mandados de busca e apreensão foram autorizados pela Justiça para acesso aos documentos.

Segundo o procurador Sérgio Pinel, foram descobertos documentos que comprovam pagamentos de uma mensalidade do governador ao ex-secretário da Casa Civil, Régis Fichtner, preso pela segunda vez na última sexta-feira 15, acusado de receber propinas no valor de 1,5 milhão de reais enquanto estava no comando da Casa Civil, de 2007 a 2014.

“Um dos documentos encontrados é um comprovante de pagamento ao operador financeiro de Fichtner, coronel PM Fernando França Martins, que recebia valores em uma sala comercial no centro da cidade. A informação da ordem de pagamento encontrada, bate com as anotações dos doleiros, apresentadas quando fizeram a colaboração premiada com o MPF”, informou o procurador.

Pinel diz que os documentos confirmam informações apuradas com doleiros, em colaborações premiadas, que deram início às investigações em junho do ano passado. Na ação, o MPF denunciou 62 pessoas pelos crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e corrupção contra o sistema financeiro internacional, entre eles, Sérgio Cabral. Também é acusado Dario Messer, apontado como o “doleiro dos doleiros”, que está foragido desde a deflagração da Operação Câmbio, Desligo.

As acusações são baseadas nas investigações conduzidas pela operação, um dos desdobramentos da Lava Jato no Rio de Janeiro. Também foram levadas em conta declarações e documentos apresentados por Juca Bala, apontado como doleiro de Cabral, e por seu sócio Cláudio Barboza, conhecido como Tony. Os dois estão entre os denunciados, mas fizeram acordos de delação premiada. A denúncia contém 816 páginas e cabe agora ao juiz federal Marcelo Bretas decidir pela abertura de processo penal, aceitando a denúncia e transformando os acusados em réus.

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