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Lava Jato apura negócio criminoso que beneficiaria PT e PMDB

Partidos receberiam 40% cada dos desvios de contratos com a Petrobras; o ex-deputado Cândido Vaccarezza (PT) e o senador Edison Lobão (PMDB) são citados

Por Da Redação
Atualizado em 24 ago 2017, 15h18 - Publicado em 24 ago 2017, 11h50

A Operação Lava Jato encontrou um documento com “diretrizes” para criação de uma empresa, denominada “Brasil Trade”, que pode ser a formatação de uma sociedade entre corruptos, corruptores e operadores de propinas, responsáveis por desvios em contratos com a Petrobras, que beneficiaria o PT e o PMDB: 40% para cada um dos partidos.

O achado faz parte da 45ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta quarta-feira. Batizada de Operação Abate II, a Polícia Federal (PF) fez buscas e apreensões em endereços dos advogados Tiago Cedraz Leite de Oliveira — filho do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Aroldo Cedraz – de Sergio Tourinho Dantas e de Ana Claudia de Paula Albuquerque, uma ex-assessora do ex-deputado federal Cândido Vaccarezza (ex-PT) .

Os dois advogados, que são sócios, fariam parte da sociedade capitaneada pelos lobistas Jorge Luz e Bruno Luz — pai e filho –, presos desde fevereiro, pela Lava Jato. Além deles, a firma tinha participação, entre outros, de um executivo da empresa norte-americana Sargeant Marine, do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, de um ex-gerente da estatal e de um operador do ex-ministro Edison Lobão (PMDB-MA).

“Referência a ambos (Cedraz e Dantas) foram encontradas no próprio documento que estabelecia as diretrizes iniciais do grupo denominado de ‘Brasil Trade’, assim como em outro que estabelecia aparente participação nos lucros a cada um dos envolvidos em oportunidade negocial ainda não identificada”, disse o delegado da PF Filipe Hille Pace, em seu pedido de buscas na Abate II.

“Quarenta por cento do comissionamento era destinado ao pagamento de propina a Cândido Elpídio de Souza Vaccarezza e outro agente político, e 20% a Paulo Roberto Costa”, informa o pedido da PF enviado ao juiz federal Sergio Moro, responsável pela Lava Jato em primeira instância. Em outro registro encontrado referente à ‘Brasil Trade’, há uma divisão: “CONVERSADO / 40% POL (PT/PMDB) / 40% COORDENAÇÃO / 20%: CASA”.

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O documento com as “diretrizes” tem doze itens sobre a formação da firma. Há referência ao local de funcionamento, que seria no Rio de Janeiro, e menção a uma reunião em 2010, com aporte inicial de 100 milhões de reais. Os registros estão todos em siglas, que a polícia tenta confirmar os significados. “Casa” seria a verba destinada para agentes da Petrobras.

A formação da Brasil Trade tem relação com o negócio alvo da Operação Abate, 44ª fase da Lava Jato, fechado com a empresa Sargeant Marine, que levou Vaccarezza para a cadeia — ele já foi libertado. A atuação do grupo em favor da empresa norte-americana com a Petrobras culminou na celebração de doze contratos, entre 2010 e 2013, no valor de aproximadamente 180 milhões de dólares. A empresa fornecia asfalto para a estatal e foi citada na primeira delação do escândalo, feita pelo ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, em agosto de 2014.

Segundo Jorge Luz, o senador Edison Lobão teria sido, ao lado de Vaccarezza, padrinho político do contrato. No âmbito do termo para fornecimento de asfalto, Vaccarezza é investigado por receber propinas de 500 mil dólares. Já Lobão e seu suposto representante, Murilo Barbosa Sobrinho, são atrelados a repasses de 450 mil dólares em planilhas de pagamentos via offshore entregues pelos operadores de propinas.

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Defesas

O criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, que defende Lobão, divulgou nota sobre o caso. “O senador não conhece nem pai nem filho, nunca ouviu falar nesta empresa que eles citam e não tem nenhum tipo de relação e nunca esteve pessoalmente com eles – salvo se participaram de alguma audiência pública. E, sobre a outra pessoa (Murilo), ele conhece, tem um relacionamento pessoal, mas nunca participou de campanha de arrecadação para ele”, diz o texto.

O advogado Tiago Cedraz reitera sua tranquilidade quanto aos fatos apurados por jamais ter participado de qualquer conduta ilícita, confia na apuração conduzida pela força-tarefa da Lava Jato e permanece à disposição para quaisquer esclarecimentos necessários.

(Com Estadão Conteúdo)

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