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João Doria articula aliança com MDB para isolar Paulo Skaf

Meta é formar uma frente com partidos de centro que sirva de base para a candidatura do governador paulista ao Palácio do Planalto

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 30 set 2019, 11h52 - Publicado em 30 set 2019, 11h49

Em uma negociação que envolve as eleições de 2020 e de 2022, o governador João Doria (PSDB) está articulando uma aliança com o MDB, que pode integrar seu governo. Apesar de contar com apenas três deputados estaduais, emedebistas esperam comandar uma pasta e indicar nomes para outros cargos no segundo escalão da administração.

A conversa está sendo conduzida pelo vice-governador, Rodrigo Garcia (DEM), que é hoje o principal operador político de Doria no Palácio dos Bandeirantes. A estratégia visa isolar no MDB o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, que não está participando das conversas.

Segundo interlocutores do governador tucano, a meta é formar uma frente com os partidos de centro que sirva de base para a candidatura de Doria ao Palácio do Planalto, de Garcia para o governo do Estado em 2022 e do prefeito Bruno Covas à reeleição no ano que vem. Em outra frente, o MDB também negocia a entrada do partido na Prefeitura de São Paulo.

De acordo com emedebistas, está em negociação a cessão ao partido do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de São Paulo (Iamspe), ou outro serviço da área da saúde. Com apoio do governador, o prefeito quer entrar na disputa com a retaguarda de Cidadania, DEM, MDB e PP, o que lhe daria o maior tempo de TV e rádio.

O vereador Ricardo Nunes, presidente do diretório municipal do MDB, já teve três reuniões com interlocutores de Covas para definir o ingresso definitivo do partido no governo, já de olho na campanha.

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Pelo lado do governo municipal, a articulação com Nunes está sendo feita pelo secretário municipal da Educação, João Cury, após o primeiro interlocutor indicado por Covas, o vereador João Jorge (PSDB), ex-secretário da Casa Civil, não ter obtido avanços. As conversas entre MDB, Covas e Doria têm sido feitas com discrição para não melindrar Skaf, que pretende disputar novamente o governo paulista em 2022.

Principal liderança do MDB paulista, o deputado federal Baleia Rossi deve ser eleito em novembro presidente nacional do partido o que fortaleceria o diálogo nacional com Doria, que já conta com a simpatia dos partidos do Centrão.

Chapa

O empenho de Garcia em fortalecer a chapa de Bruno Covas visa a abrir caminho para que o PSDB rompa sua tradição de lançar candidato próprio ao Palácio dos Bandeirantes e apoie a candidatura do vice-governador em 2022, quando ele vai assumir o governo por oito meses. Rodrigo disputaria, então, a eleição no cargo.

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Em 2018 o então governador Geraldo Alckmin tentou um movimento semelhante para que o PSDB apoiasse a candidatura de seu vice, Márcio França, em troca do apoio do PSB na eleição presidencial. A estratégia naufragou depois que a base dos tucanos se rebelou e apoiou a candidatura de Doria.

A avaliação no Palácio dos Bandeirantes é de que a vitória de Covas será determinante para os projetos de Garcia e de Doria. Em caso de derrota, há o temor de que o prefeito se una a Alckmin em um movimento para tentar uma candidatura própria e não alinhada com o projeto nacional do governador.

“O Doria está fazendo uma leitura do tabuleiro do xadrez político”, disse o cientista político Rodrigo Prando, professor da Universidade Mackenzie. Ele avaliou que, além das eleições de Covas e Garcia, há a própria candidatura à Presidência de Doria no cálculo, pois, mesmo com a turbulência política dos últimos anos, “o MDB ainda é um partido importante no plano nacional”, e o apoio da legenda favoreceria a candidatura do tucano ao Planalto.

Por outro lado, ainda na avaliação do professor, ao ter o partido na sua coligação, Doria reduz a possibilidade de que a legenda possa apoiar outra candidatura do campo democrático contra Jair Bolsonaro, como a do apresentador Luciano Huck, por exemplo, que também vem sendo colocado como provável candidato à Presidência com o apoio de Roberto Freire, presidente do Cidadania.

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