João Doria admite deixar PSDB e descarta enfrentar Alckmin
Prefeito de São Paulo diz que política traz 'ares que não estão dentro do seu prognóstico' e defende que partido ouça 'o povo' para definir candidato
Cotado para disputar a Presidência da República no ano que vem, o prefeito de São Paulo, João Doria, admitiu pela primeira vez a hipótese de deixar o PSDB. Em entrevista nesta segunda-feira, Doria foi questionado sobre convites recebidos do PMDB e do DEM, partidos, respectivamente, do presidente Michel Temer e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e respondeu de forma a deixar aberta a possibilidade de não seguir na legenda: “A política traz sempre ares, tempestades e fatos que não estão dentro do seu prognóstico”.
O prefeito também fez questão de frisar que, além das legendas citadas pela reportagem, “outros dois partidos tiveram a gentileza e a delicadeza de abrir as portas caso necessário”. Ele afirmou que não tem “intenção de mudar de partido” e que “pretende continuar” no PSDB, “até que alguma circunstância me impeça disso”. Doria descartou disputar a vaga de candidato do tucanato com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, seu padrinho político dentro do partido. “Não faz o menor sentido. Não faria isso. Desde já me excluo dessa condição”.
João Doria, no entanto, deu seu recado. À frente do governador nas pesquisas eleitorais para 2018, o prefeito ressaltou que “ouvir o povo” será o fator definitivo para o PSDB decidir seu candidato ao Planalto. “Não há como imaginar que alguém possa ser indicado sem que seja pelo povo”, afirmou. Perguntado se isso significa que, se ele se mantiver à frente, substituirá Alckmin como candidato, Doria desconversou, mas não negou: “Essa é uma decisão a ser tomada mais adiante. Ainda é cedo para avaliar. Não faço uma defesa personalista, mas nacional. Acertar na indicação é ouvir a população”.
Sobre o partido, o prefeito também falou sobre a disputa pela presidência do PSDB, que será decidida em dezembro e é mais uma divergência entre ele e o governador. Para o pleito interno que definirá o sucessor do senador Aécio Neves (PSDB-MG), afastado desde maio, João Doria defende o nome do governador de Goiás, Marconi Perillo. Já Alckmin tem preferência pela efetivação do atual presidente interino, o senador Tasso Jereissati (CE).
(Com Estadão Conteúdo)