Janot é ouvido pela PF sobre JBS, mas não fala sobre depoimento
Ex-procurador é ouvido em seu gabinete em inquérito que apura as negociações para o acordo de colaboração premiada com executivos ligados à JBS
O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot foi ouvido nesta segunda-feira pela Polícia Federal na condição de testemunha no inquérito que apura possíveis irregularidades nas negociações do acordo de colaboração premiada dos executivos do grupo J&F, dono da JBS.
Atualmente Janot é subprocurador da República. A oitiva foi realizada em seu gabinete, no prédio da Procuradoria-Geral da República, e foi conduzida pelo delegado Cleyber Malta, do grupo da PF de inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF). Janot confirmou que foi ouvido, mas não falou sobre o conteúdo do depoimento. O ex-PGR foi responsável pela negociação e assinatura do contestado acordo de colaboração premiada, que livrou de punição os ex-executivos do grupo J&F.
Em setembro, em uma reviravolta no caso, Janot anunciou a a abertura de uma investigação para apurar se os delatores teriam omitido informações do acordo e as citações a ministros do STF em um áudio com uma conversa entre o empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, e o diretor de relações institucionais da empresa, Ricardo Saud. “Áudios com conteúdo grave, eu diria gravíssimo, foram obtidos pelo Ministério Público Federal”, disse Janot durante entrevista à época.
A apuração foi aberta após pedido da ministra Cármen Lúcia, presidente do STF, e já foi parcialmente concluída. Um dos investigados é o ex-procurador Marcello Miller, suspeito de atuar para a JBS enquanto ainda era integrante do MPF.
Em dezembro, o diretor-geral da PF, Fernando Segovia, se reuniu com a presidente do STF para falar sobre o caso. Depois da audiência com Cármen Lucia, ele afirmou que o relatório é “parcial” e que a ministra é quem deve tornar públicas as conclusões da investigação. “As conclusões da investigação parcial estão nas mãos da ministra e, tão logo haja uma análise, ela deverá expor ao público quais são essas conclusões”, afirmou. Janot, pouco antes de deixar o cargo de procurador-geral, rescindiu a colaboração premiada dos executivos da J&F. O pedido ao Supremo foi corroborado pela atual procuradora-geral da República, Raquel Dodge.