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Bolsonaro recorre a economista que criou Bolsa Família no governo Lula

Temendo 'efeito Chile', governo busca reagir à soltura de Lula e a Rodrigo Maia, que lançou agenda de combate à pobreza

Por Da Redação Atualizado em 25 nov 2019, 10h39 - Publicado em 25 nov 2019, 10h16

Sob pressão, o presidente Jair Bolsonaro tenta reduzir as críticas à área social, considerada um gargalo na gestão. A equipe do ministro da Economia Paulo Guedes trabalha para ampliar benefícios a famílias de baixa renda. Para conquistar o eleitorado do Bolsa Família, o governo apelou até ao economista Ricardo Paes de Barros, um dos criadores do programa no mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Entre as propostas em análise pelo governo está a concessão de um adicional de 6,81 reais por mês para cada uma das 13,8 milhões de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família, programa de transferência de renda do governo – o benefício para uma família em extrema pobreza é de 89 reais por mês. O aumento seria possível com uma folga no orçamento, que viria a partir do fim da desoneração de produtos da cesta básica.

O programa, que garantiu a força do lulismo, especialmente no Nordeste, tem impacto na renda de cerca de 43 milhões de pessoas nas estimativas oficiais. De olho em sua base de apoio, Lula deixou a prisão com um discurso focado nas contradições da agenda liberal de Guedes e no resgate da questão social. Integrantes do núcleo político avaliam que o governo perdeu tempo na “corrida” pelo “voto social”.

A preocupação com a agenda social aumentou diante do temor do “efeito Chile”, o primeiro de uma onda de protestos que se espalharam pela América Latina. O governo também busca um plano de ação após o lançamento da agenda de combate à pobreza do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e à libertação de Lula.

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Após a soltura de Lula, a equipe econômica foi orientada para aumentar os recursos aos programas sociais. O grupo de Guedes avalia ainda que Maia, ao lançar uma agenda social, avançou numa área do Executivo. Nas conversas sobre o Bolsa Família, integrantes da equipe de Bolsonaro chegaram a defender até a troca do nome do programa para Bolsa Brasil — mas setores do governo resistem à mudança.

A população de baixa renda dos municípios com até 50 mil habitantes será o foco de um programa habitacional, no lugar do “Minha Casa, Minha Vida”. O modelo funcionará com um sistema de voucher, em que as famílias receberão recursos para comprar, construir ou reformar a casa própria. O público potencial do programa são famílias com renda de até 1.200 reais mensais em média.

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Ainda, entre as propostas avaliadas, está um novo incentivo patrocinado pelo BNDES, que poderá se chamar Bolsa Atleta Escolar. Cinco mil estudantes devem receber 300 reais por mês para se dedicar à atividade desportiva e se preparar para os Jogos Escolares brasileiros. Com a proposta, serão gastos 18 milhões de reais por ano.

O pacote de medidas também inclui um reforço no Programa Criança Feliz que tem como madrinha a primeira-dama, Michelle Bolsonaro. O programa atende 820 mil crianças e gestantes do Bolsa Família, que recebem visitas de 25 mil agentes semanalmente. A previsão é ultrapassar 1 milhão de atendimentos no ano que vem e, até 2022, atingir 3,2 milhões.

(Com Estadão Conteúdo)

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