Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Governo Bolsonaro buscou o STF para defender prioridade sobre a CoronaVac

A iniciativa se deu antes do anúncio da compra da vacina e visava garantir que o imunizante não ficasse sob o controle do governador João Doria

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 25 mar 2021, 19h07 - Publicado em 9 jan 2021, 08h00

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro dava sinais em público de que descartaria a vacina CoronaVac, produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butatan, seus principais auxiliares faziam o movimento contrário.

No âmbito das discussões sobre o Plano Nacional de Imunização (PNI), em dezembro do ano passado, integrantes do Ministério da Saúde e o próprio ministro Eduardo Pazuello buscaram ministros do Supremo Tribunal Federal para apresentar o programa federal de vacinação. A intenção já era evitar que o governador de São Paulo, João Doria, tomasse para si as vacinas produzidas pelo Butantan.

O PNI detalha quais são as vacinas já adquiridas e em negociação pelo governo, o esquema logístico da distribuição do imunizante e quais serão os grupos prioritários. Além disso, prevê a equidade do repasse das vacinas para a população – ou seja, impede que haja algum tipo de estratificação no momento da distribuição do imunizante. A ideia, ao contrário disso, é que a vacinação comece em todos os estados do país de maneira proporcional e simultânea.

Foi com base nesse argumento que auxiliares do governo sustentaram que todo e qualquer imunizante que fosse autorizado pelas agências reguladoras teria de imediatamente passar a integrar o plano nacional. A avaliação era a de que se a vacinação começasse antes em uma determinada região, ela quebraria a premissa de que o sistema de saúde deve ser igualitário a todos os brasileiros.

Continua após a publicidade

Na ocasião, pelo menos três ministros do STF foram informados de que, por causa desse entendimento, a vacina do Instituto Butantan, pleiteada pelo governador de São Paulo, João Doria, para ser distribuída entre a população paulista, seria integrada ao Sistema Único de Saúde (SUS) e entregue às 27 unidades da federação.

Também foi sustentado que o Ministério da Saúde já havia assinado um convênio com o Instituto Butantan que, com investimentos federais, ajudaria na produção da vacina, e que a própria Fiocruz, vinculada à pasta, estava participando da fase 3 dos testes. Portanto, por esse raciocínio, não haveria como dissociar a vacina produzida pelo instituto Butantan do governo federal.

A iniciativa já antecipava uma guerra entre o governo federal e o governador de São Paulo sobre quem vai colher os louros de iniciar a vacinação no país. Internamente, não estava descartada a possibilidade de que, se a decisão não viesse por meio de um acordo entre ambas as partes, a matéria acabaria tendo de ser arbitrada pela Suprema Corte.

A disputa se materializou nesta semana. Logo após o anúncio da eficácia da vacina CoronaVac, o ministro Eduardo Pazuello disse que comprará as 100 milhões de doses previstas pelo Butantan. A formalização da aquisição do imunizante foi encaminhada na noite de quinta-feira (7).

Continua após a publicidade

Nos bastidores, aliados de João Doria afirmam que o governo caiu na isca do tucano, que visa disputar a Presidência da República em 2022 contra Jair Bolsonaro. Interessa a Doria, portanto, a propagação da percepção de que a sua aposta sobre a vacina foi a que saiu vitoriosa. Em vídeo divulgado nas suas redes sociais, o governador paulista afirmou que sempre desejou que o Ministério da Saúde comprasse a vacina. “O que nós mais desejamos é que a vacina do Butantan atenda todo o Brasil, atenda todos os brasileiros – os brasileiros de São Paulo e, repito, os brasileiros de todos os demais 26 estados do país”, disse Doria.

O governo federal, em outra frente, tenta se antecipar ao governador paulista. Uma compra de emergência garantiu o envio de 2 milhões de doses prontas da vacina produzida pela farmacêutica AstraZeneca, na Índia. A expectativa, um tanto otimista, é que o imunizante consiga autorização célere da Anvisa e a aplicação comece no dia 20 deste mês. Já o governador João Doria trabalha com o plano de iniciar a vacinação com a CoronaVac no dia 25.

Em meio a essa guerra despropositada, o que a maioria dos brasileiros quer é receber a vacina. O quanto antes.

  • Leia também: Pandemia encurrala governo Bolsonaro, que mostra tímidos sinais de melhora
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.