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Faltou franqueza de Bolsonaro com os estados, diz governador do Amapá

Governador se queixa do fato de presidente ter adotado um tom ameno com governadores do Norte e Nordeste e depois criticado as ações estaduais na TV

Por André Siqueira Atualizado em 25 mar 2020, 15h47 - Publicado em 25 mar 2020, 15h05

O governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), afirmou, nesta quarta-feira, 25, que faltou franqueza ao presidente Jair Bolsonaro nas conversas por videoconferência com os governadores para discutir medidas para conter a crise causada pela pandemia do novo coronavírus.

“O que Bolsonaro disse ontem eu seu discurso nas rádios e televisão não seguiu a conversa que ele teve conosco. Ele não teve a franqueza de expor seu ponto de vista aos governadores para ser contraposto”, disse a VEJA Waldez Goes.

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Nos últimos dias, Bolsonaro realizou teleconferências com governadores para debater medidas a serem tomadas em conjunto para conter a crise causada pelo coronavírus. Antes do discurso da noite desta terça-feira, o presidente da República já havia conversado com governadores das regiões Norte, Nordeste, Sul e Centro-Oeste. Na manhã desta quarta-feira, houve a reunião com os estados do Sudeste – como mostrou o Radar, o presidente da República trocou farpas com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

Segundo relatos feitos a VEJA por participantes destas reuniões, os governadores ficaram surpresos com o tom conciliador e ameno adotado por Bolsonaro, já que o presidente já havia feito críticas a representantes dos Executivos estaduais, como os governadores de São Paulo, João Doria (PSDB), e do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC).

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Diante da mais nova crise causada pelo pronunciamento de Bolsonaro, os governadores farão uma videoconferência a partir das 16h desta quarta-feira. De acordo com o governador João Doria a reunião foi convocada em razão da “gravidade da situação do país” e do “comportamento do presidente da República”.

A pauta da conferência se dividirá, basicamente, em três assuntos: formalização da insatisfação causada pelo fato de o tom do pronunciamento público ter sido diametralmente oposto daquele adotado nas reuniões com os governadores de quatro das cinco regiões do país; manutenção das medidas de isolamento para conter o crescimento exponencial do número de casos confirmados; e cobrar alinhamento entre o que é defendido pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e o que é dito por Bolsonaro.

Os governadores também se queixam da demora do governo federal para tomar medidas concretas. Os estados pediram à União recursos para a compra de kits para a realização de testes de coronavírus e verbas para a compra de leitos hospitalares e de equipamentos de proteção individual (EPIs). De acordo com o governador do Amapá, o governo federal demorou cerca de 13 dias para anunciar uma medida e, ainda assim, sinalizou com um valor abaixo do necessário. “Os governadores estão abertos ao diálogo. O que cobramos é um protagonismo do governo federal. Diante da imobilidade, não vamos esperar o tsunami chegar com os braços cruzados. Faltam medidas concretas nas áreas de vigilância, por exemplo”, disse Waldez Góes a VEJA.

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