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Falha de segurança fez PF reforçar proteção a Bolsonaro na UTI

Presidenciável chegou a dormir com dois policiais federais dentro do quarto

Por Edoardo Ghirotto
20 set 2018, 17h48

Eram 22 horas da sexta-feira (14) quando os seguranças que faziam a ronda noturna na entrada da UTI do hospital Albert Einstein, em São Paulo, começaram a discutir uma falha na guarda do quinto andar do bloco A, ala em que o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) estava internado até então. Ele se recuperava de uma facada desferida durante um ato público em Juiz de Fora, no início deste mês.

Poucas horas antes, um amigo da família aproveitou a passagem de policiais federais à paisana e ingressou na ala em que estão os leitos dos pacientes na UTI sem se identificar. O homem, flagrado pela PF enquanto circulava pelo local sem autorização, acabou removido do corredor. Imediatamente, o segurança que permitiu a entrada foi afastado e levou uma suspensão de três dias, com desconto no salário.

O deslize deixou a PF em alerta. Até então, três agentes com roupas de civil se revezavam 24 horas por dia em frente ao quarto de Bolsonaro. No cômodo de aproximadamente quinze metros quadrados, ficava permanentemente outro policial federal. Mas, diante da falha em captar a entrada de um intruso, um novo agente foi escalado para ficar ao lado do leito de Bolsonaro em tempo integral. Dividiram os 15 metros, portanto, Bolsonaro e dois policiais — até domingo (16), dia em que foi transferido para a unidade de tratamento semi-intensivo.

O endurecimento na fiscalização era perceptível desde que Bolsonaro ingressou no hospital. Seguranças haviam sido deslocados para cada uma das entradas da UTI – uma de pacientes, outra de funcionários e ainda a de visitantes. Os agentes de uma empresa privada se revezavam de duas em duas horas em frente às portas que davam acesso aos quartos dos pacientes em estado grave.

Todos os visitantes tinham de passar pela recepção para se identificar. O procedimento era obrigatório até para os filhos de Bolsonaro e incomodou pessoas próximas do deputado, como o presidente em exercício do PSL, Gustavo Bebianno, que chegou a discutir com um segurança que não o deixou passar sem que fosse identificado. “Você sabe quem eu sou?”, esbravejou Bebianno para o funcionário.

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Bebianno tem passado longos períodos no hospital. Foi no Albert Einstein que ele costurou uma trégua com os filhos do presidenciável, que reclamavam da centralização exercida por ele na campanha. O cessar-fogo teve como objetivo frear o protagonismo do vice Hamilton Mourão, que vinha distribuindo declarações desastrosas nos eventos que participou. A interlocutores, Bebianno afirmou que vive “o melhor momento” com os herdeiros de Bolsonaro.

Naquela sexta à noite, o dirigente do PSL entrou pela última vez no quarto de Bolsonaro às 19h30, acompanhado de três pessoas. A acompanhante de uma paciente da UTI logo o reconheceu. “Esse aí não sai daqui”, disse. Ele deixou o local no meio da entrevista que o principal adversário de Bolsonaro, o petista Fernando Haddad, concedida ao Jornal Nacional, da TV Globo.

Noticiários da rede Globo dominam a programação na TV do quarto de Bolsonaro no hospital. O filho Carlos é quem mais tem ficado ao lado do pai. Ele dorme no local enquanto Eduardo e Flávio fazem campanha para os cargos eletivos que disputam em São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente.

A mulher do candidato, Michelle, também visita o marido com frequência. Ela é descrita por familiares de outros pacientes como uma pessoa elegante e que costuma cumprimentar quem encontra pelos corredores.

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Em razão do estado fragilizado de Bolsonaro, as conversas no quarto perderam o tom exaltado que era característico de reuniões anteriores ao atendado. Pessoas que visitam o candidato dizem que ele está emocionalmente abalado e impaciente com as restrições impostas pelos médicos. O candidato deseja retomar as rédeas da campanha o mais rápido possível, mas os filhos têm freado o ímpeto do pai. O presidenciável nem sequer consegue se levantar sem o auxílio de um enfermeiro.

Na UTI, cinco enfermeiros e três juntas médicas, compostas por quatro especialistas cada, se revezavam de oito em oito horas para cuidar de Bolsonaro. Quando o quadro do candidato era considerado mais grave, e havia a necessidade de se fazer um exame, ele circulava pelos corredores deitado em uma maca e com o corpo todo coberto por um lençol – inclusive a cabeça, justamente para evitar ser fotografado.

As únicas imagens divulgadas na internet foram feitas por correligionários. Certa vez, uma mulher que acompanhava outro paciente na UTI tentou filmar o candidato clandestinamente. Foi repreendida pelos seguranças e forçada a deixar o local.

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