Empresários denunciam cobrança de propina em feira no Amapá
Espaço na festa agropecuária e até classificação em concurso de miss exigiam pagamento ‘por fora’
Dois empresários denunciam cobrança de propina para a ocupação de espaços numa feira agropecuária que se realiza desde o início da semana em Macapá (AP). Um deles diz ter pagado 80.000 reais “por fora” para montar camarotes no local, e o outro afirma que a organização cobrou 60.000 reais para que sua esposa conquistasse o título de “rainha da expofeira”.
Um dos empresários, Ronald Oliveira, dono da Alpha Leds Mídia, apresentou ontem denúncia formal ao Ministério Público Federal sobre o caso. Ele diz que procurou alugar um espaço para camarotes e uma boate na feira e que foi orientado por integrantes do governo do Amapá a conversar com o advogado Moisés Alcolumbre, primo do senador Davi Alcolumbre. Além dos 15.000 reais cobrados oficialmente para a Associação dos Músicos do Amapá, Ronald alega ter sido obrigado a pagar 80.000 reais “por fora” para o advogado.
Ronald afirma que, mesmo com o desembolso da propina, o espaço que ele queria alugar foi destinado ao filho de um senador do estado e que, por isso, foi orientado pelo próprio Moisés a ir a Brasília e conversar com o senador Davi Alcolumbre. Ronald mostrou a VEJA mensagens de celular que comprovariam a sua versão, inclusive sobre o pagamento de um “restante” que ficaria “para depois” do pagamento oficial da feira. Ele afirma ainda que foi recebido pela assessoria do senador, que prometeu intermediar um desfecho positivo, mas que mesmo assim não conseguiu o espaço prometido.
Ronald Oliveira diz que teve de pagar 80.000 reais “por fora” por espaço na feira
O outro empresário que denunciou cobrança de propina é Felipe Azevedo, que gravou um vídeo e enviou a vários empresários e autoridades do Amapá denunciando o esquema. Ao contrário de Ronald, ele não topou pagar os 60.000 reais para que a esposa, Letícia, ganhasse o concurso de rainha da feira. Ela terminou em sétimo lugar. “Até concurso é roubado aqui no estado do Amapá”, protestou Felipe Azevedo.
A assessoria de imprensa do senador Alcolumbre confirma que Ronald esteve no gabinete, mas informa que o senador não recebeu o empresário e não intermediou concessão de espaço na feira. O advogado Moisés Alcolumbre negou ter cobrado propina de Ronald. “Esse Ronald fez uns problemas na feira, mas é uma inverdade o que ele está colocando”, disse Moisés Alcolumbre. O advogado não quis explicar qual é o seu papel na organização da feira e se ele tem algum cargo oficial para administrar os espaços.