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Em evento, Osmar Terra diz que não é preciso seguir cegamente a OMS

Cotado para substituir Luiz Henrique Mandetta no Ministério da Saúde, o deputado federal mantém campanha por fim da quarentena

Por André Siqueira e Edoardo Ghirotto
Atualizado em 7 abr 2020, 19h29 - Publicado em 7 abr 2020, 19h08

O deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), principal conselheiro do presidente Jair Bolsonaro na área da saúde, deu sequência nesta terça-feira, 07, à campanha que lidera em oposição às medidas adotadas pelo Ministério da Saúde para combater o novo coronavírus. Terra se notabilizou durante a crise como um antagonista de Luiz Henrique Mandetta. Por pouco, o ministro não foi demitido por Bolsonaro na segunda, 6.

Terra, que é médico e ex-ministro da Cidadania do governo Bolsonaro, participou nesta terça de uma live organizada pela corretora Necton. O deputado usou o espaço para defender posições apoiadas pelo presidente, como o fim da quarentena e o uso do remédio hidroxicloroquina no tratamento de todos os pacientes que contraírem a Covid-19. As sugestões ferem as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), o que não parece ser um problema para o deputado. “Que história é essa de que tem que seguir cegamente a orientação? Cada país tem que decidir conforme a sua realidade sanitária”, declarou.

Em meio à crise que quase custou o cargo de Mandetta, o deputado do MDB foi apontado como um dos possíveis substitutos que Bolsonaro tinha em mente para o Ministério da Saúde. Na live, Terra afirmou que considera Mandetta um “bom ministro”, mas disse estar alinhado com as visões de Bolsonaro. “Não acho [o Mandetta] ruim, mas ele tem que ter sintonia com o presidente. Ministro é um cargo de confiança do presidente. Os dois têm que acertar o discurso”, afirmou. Em seguida, Terra tratou sobre a crise econômica que irá afetar o país e disse que “quem vai matar o Brasil não é o coronavírus, mas a quarentena”.

Além de ter almoçado com Bolsonaro e os ministros do núcleo militar, Terra conversou na segunda-feira com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), sobre temas relacionados à saúde. Entre os congressistas, a resistência ao deputado é grande. Líderes de partidos e políticos ligados ao Centrão têm reportado ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), qualquer movimentação feita por ele nos bastidores. Maia foi avisado por um líder do bloco que Terra estava tentando convencer deputados de que a imunologista Nise Yamaguchi tinha boas credenciais para assumir a Saúde caso Mandetta fosse demitido. Ela também é a favor do uso da hidroxicloroquina.

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Maia concedeu entrevista coletiva nesta terça e foi questionado sobre as declarações dadas por Terra na live com a Necton. O presidente da Câmara se limitou a tecer elogios ao trabalho de Mandetta e não citou nenhuma vez o nome do deputado na resposta. A ação foi deliberada. Maia tem dito que não quer mais entrar na queda de braço promovida pelo governo federal. Ao ignorar Terra e convencer outros deputados a fazerem o mesmo, Maia espera criar um cenário de maior estabilidade para Mandetta desempenhar seu trabalho.

Mandetta admitiu que chegou a limpar as gavetas de seu gabinete na segunda-feira. Ele se manteve no cargo graças aos ministros da ala militar, que conseguiram convencer Bolsonaro de que uma demissão seria prejudicial para a imagem do governo no momento.

A exoneração do ministro é patrocinada pelos três filhos políticos de Bolsonaro, principalmente pelo vereador Carlos (Republicanos-RJ), o coordenador informal do “gabinete do ódio”. A sala, localizada no terceiro andar do Palácio do Planalto, abriga os assessores que administram perfis na internet destinados a atacar os desafetos do presidente. Segundo relatos, os funcionários do gabinete passaram a última noite enviando mensagens em grupos de WhatsApp em que lamentavam a permanência de Mandetta no cargo.

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