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Ex-comandante do Exército foge de polêmicas e nega ter se recusado a prender vândalos no 8/1

Arruda não deu respostas claras a nenhum dos questionamentos que pudessem comprometê-lo na trama antidemocrática

Por Robson Bonin Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 Maio 2025, 13h02 - Publicado em 22 Maio 2025, 09h34

Demitido no primeiro mês do governo Lula no auge do esgarçamento do Executivo com os militares, o ex-comandante do Exército Júlio César de Arruda fugiu de perguntas polêmicas ao prestar depoimento nesta quinta-feira, 22, na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), e negou que tivesse se recusado a prender os vândalos que destruíram as sedes do palácio do Planalto, do Congresso e do STF no fatídico dia 8 de janeiro de 2023. “Não neguei. Quando começou a acontecer aquilo tudo, fui ao QG coordenar as ações e acompanhar os acontecimentos. E de noite, quando parte dos manifestantes estavam voltando o general Dutra [General Gustavo Henrique Dutra de Menezes, antigo comandante militar do Planalto] me ligou e disse que a polícia iria prender todo mundo. Eu falei que teria que ser coordenado. Chamei o interventor ao QG e tivemos uma conversa para acertar”, relatou.

Testemunha de defesa do ex-ajudante de ordens e delator Mauro Cid, Arruda não deu respostas claras a questionamentos que pudessem comprometê-lo na trama antidemocrática e usou da estratégia de dizer que “não se lembrava” cada vez que o ministro do STF Alexandre de Moraes o inquiria sobre momentos decisivos do enredo golpista.

As investigações da Polícia Federal mostraram, por exemplo, que no dia 2 de janeiro de 2023 Mauro Cid encaminhou ao general Estevam Theophilo, também réu por tentativa de golpe, uma notícia jornalística com a informação de que poderia ser preso nas primeiras semanas do ano. A resposta do militar foi em tom apaziguador: “Fique tranquilo Cid. Vou conversar com o Arruda hoje. Nada lhe acontecerá”, respondeu o general, em referência ao então comandante do Exército.

Nesta quinta, quando questionado sobre o episódio por Alexandre de Moraes, disse apenas que “o general conversava comigo diariamente. Sobre isso eu não me lembro”.

Alexandre de Moraes também questionou o ex-comandante sobre a eventual resistência do militar em impedir que a polícia adentrasse na região do QG do Exército, em Brasília, para prender em flagrante centenas de vândalos que, horas antes, haviam destruído as sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro. Os detalhes da tensa conversa entre o militar e integrantes do Executivo, com cenas de dedo em riste e provocações sobre o tamanho da tropa do Exército, foram revelados por VEJA. “No dia 8 a decisão de prender foi minha”, resumiu. Em depoimento, o então comandante da Polícia Militar do Distrito Federal Fábio Augusto Vieira também afirmara ter sido impedido de retirar os golpistas da área militar.

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O general Arruda ocupou o cargo de comandante do Exército por apenas duas semanas e acabou demitido pelo presidente Lula no final de janeiro de 2023, na esteira dos atos antidemocráticos que depredaram Brasília no início daquele mês e que, segundo a Procuradoria-Geral da República, foram o capítulo final de uma tentativa de golpe de Estado. Entre outros pontos, ele se recusou a cumprir uma ordem de Lula de barrar a efetivação de Mauro Cid como chefe do 1º Batalhão de Ações e Comandos, sediado em Goiânia. No depoimento ao STF, disse que não manteve contato com o ex-presidente Bolsonaro para tratar sobre o dia 8 de janeiro e afirmou sequer saber o motivo de ter perdido o posto de comandante.

Arruda tentou permanecer à frente do posto máximo do Exército alegando, no caso de Cid, que a promoção do militar atendia a critérios técnicos, mas não convenceu. O general, porém, já havia se desgastado com o governo após relatos de que barraria uma eventual operação contra Mauro Cid em um complexo residencial militar em Brasília e se recusado a autorizar que os vândalos que depredaram a capital no dia 8 de janeiro e que estavam acampados em frente ao Quartel General do Exército fossem presos na noite do quebra-quebra. Quando questionado sobre os detalhes da conversa em que, entre outras coisas, disse ao então chefe da Polícia Militar que “a minha tropa é um pouco maior que a sua”, saiu pela tangente. “Não me lembro”, alegou.

Àquela altura Cid, antigo braço direito de Bolsonaro, era investigado em um inquérito que apurava a disseminação de fake news por aliados do ex-presidente, embora nas sombras antigos auxiliares do capitão e o próprio Bolsonaro já tinham articulado diferentes reuniões em que, mostrou a Polícia Federal, discutiram uma virada de mesa para reverter o resultado das urnas, a prisão de autoridades e uma intervenção à fórceps na Justiça Eleitoral.

Com o avanço das apurações, descobriram-se minutas golpistas, o monitoramento clandestino do ministro Alexandre de Moraes e até um plano para assassinar Lula, o vice Geraldo Alckmin e o juiz do Supremo. No enredo golpista, o batalhão para o qual Cid seria remanejado seria responsável, por exemplo, por prender o ministro Moraes.

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