Um dos partidos que formam o tripé do governo, o Republicanos tem irritado um dos principais grupos políticos do Distrito Federal. A legenda filiou a então ministra da Mulher, Damares Alves (Republicanos) no fim de março com o plano de lançar sua candidatura ao Senado. Mas a sua colega de Esplanada, a ex-ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda (PL), já havia declarado que concorreria ao cargo.
Cada Estado terá apenas uma vaga ao Senado nesta eleição. A possibilidade de duas candidaturas bolsonaristas concorrerem abre espaço para que o eleitorado divida votos e permite o crescimento de um adversário opositor ao governo federal.
Correligionário de Flávia, o presidente Jair Bolsonaro (PL) pretende apoiar apenas um candidato ao Senado por Estado. Expoentes do Republicanos, no entanto, afirmam que a candidatura de Damares ao cargo será mantida e que a legenda não vai recuar para lançar a ex-ministra à Câmara dos Deputados.
Um parlamentar do Republicanos destaca que o PL já filiou Jair Bolsonaro e seus filhos Flávio e Eduardo, além do general Braga Netto, cotado para vice-presidente. “Por que o PL tem que ter tudo e o Republicanos tem que aceitar qualquer imposição?”, questiona um expoente do partido.
O imbróglio envolve a vaga de suplente. O Republicanos lançou o nome de Damares após tentativas frustradas de escolher o nome do suplente da chapa do PL no DF. Marido de Flávia, o ex-governador José Roberto Arruda, quer o empresário Fernando de Castro Marques, dono da União Química, como companheiro de chapa da ex-ministra.
Explica-se o interesse dos dois partidos: o suplência, neste caso, é meio caminho andado para chegar ao Parlamento sem precisar de voto, já que Flávia Arruda pode ser novamente convidada para um cargo de ministra em eventual reeleição de Bolsonaro.
Sem Damares Alves arrebanhando os votos dos evangélicos, Flávia Arruda seria hoje quase imbatível para a disputa no Senado. Em uma pesquisa do Real Time Big Data de março, Flávia apareceu em primeiro lugar em um dos cenários traçados, com 23% dos votos, seguida pelo ex-senador Cristovam Buarque (Cidadania), com 15%. Damares não foi incluída no levantamento, anterior à sua pré-candidatura. Especialistas avaliam que disputa entre as duas apoiadoras de Bolsonaro pode acabar beneficiando um candidato da esquerda.