Doria vai privatizar o Bilhete Único
Medida faz parte de pacote que inclui 52 itens que podem ser privatizados na cidade; futura empresa da iniciativa privada deverá combater fraudes
O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), vai repassar para a iniciativa privada a gestão financeira do Bilhete Único – cartão eletrônico usado para o pagamento de 94% das viagens nos ônibus. A medida faz parte de um programa de privatização que está sendo desenhado com o objetivo de criar fôlego financeiro para a administração municipal. As informações são da edição desta quarta-feira do jornal Folha de S. Paulo.
O governo ainda não tem estimativa de quanto vai arrecadar com a medida, mas a considera uma das mais importantes do plano que faz parte de uma lista inicial com 52 itens que podem ser privatizados. Entre eles estão o autódromo de Interlagos, na Zona Sul, o Anhembi, na Zona Norte e o estádio do Pacaembu, no Centro.
Com a terceirização do Bilhete Único, a prefeitura estima que deixará de gastar cerca de 456 milhões de reais por ano com o gerenciamento financeiro do serviço, que atualmente fica a cargo da SPTrans, empresa de economia mista que administra o transporte por ônibus.
O modelo de remuneração de quem passar a cuidar do serviço ainda não está claro. O grande ativo do Bilhete Único é a enorme base de clientes, que gira em torno de 5,6 milhões de passageiros e chega a movimentar em alguns dias mais de 40 milhões de reais.
Empresa
A futura empresa responsável pelo sistema de cartões dos paulistanos precisará combater fraudes e repassar os valores arrecadados com a venda de créditos do cartão eletrônico para as empresas de ônibus. A expectativa de Doria é que bancos, operadoras de cartões e empresas de benefícios participem da concorrência.
Além disso, a empresa que passar a gerir o sistema terá cinco dias para transferir os valores arrecadados para as viações de ônibus – podendo, nesse intervalo, obter ganhos financeiros com os recursos.
Com a privatização do Bilhete Único, a prefeitura espera reduzir em 15,7% os gastos com os subsídios ao sistema de ônibus – que chegaram a 2,9 bilhões de reais em 2016 – e conseguirá diminuir as perdas provocadas pelas fraudes no cartão, já que a vencedora da licitação terá de trocar o sistema tecnológico usado atualmente.
A receita de impostos na cidade de São Paulo caiu cerca de 7% em 2016, ao mesmo tempo em que cresceram os gastos com os subsídios à tarifa de ônibus – dinheiro do Orçamento para compensar a diferença entre a arrecadação com a passagem e os custos contratuais das empresas.