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Doria falta em debate do PSDB e é alfinetado por adversários

Oficialmente, o prefeito ainda não está inscrito para disputar as prévias do partido, marcadas para o próximo domingo; prazo se encerra nesta terça-feira

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 12 mar 2018, 10h52 - Publicado em 12 mar 2018, 10h39

Mesmo sem ser citado nominalmente, o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), foi alvo de críticas e indiretas durante o primeiro debate entre pré-candidatos tucanos ao governo do estado, realizado no sábado, dia 10.

O encontro ocorreu no Rotary Club da Penha, na Zona Leste da cidade, e contou com a participação do cientista político Luiz Felipe D’Ávila, o suplente de senador e presidente do Instituto Teotônio Vilela, José Aníbal, e o secretário estadual de Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro. Os prefeitos João Doria (SP) e Alberto Mourão (Praia Grande) foram convidados, mas não compareceram. O debate ocorreu à revelia do diretório estadual do partido.

Na mesa dos pré-candidatos, uma cadeira permaneceu vazia durante parte do evento. Na frente dela, o papel onde seria escrito o nome do convidado permaneceu em branco. Depois, o local foi ocupado pela vereadora tucana Patricia Bezerra.

A primeira manifestação do debate foi de Floriano Pesaro. “Quem chega agora ou se destaca agora precisa respeitar a história do partido”, afirmou, em referência à reunião do diretório estadual, ocorrida na semana passada. Na ocasião, Aníbal, quadro tradicional da legenda, foi vaiado e xingado por apoiadores de Doria.

Naquela reunião, foram definidos as datas das prévias (18 e 25 de março) e o prazo para a inscrição dos nomes dos concorrentes (13 de março). O resultado foi favorável ao grupo que apoia Doria – que defendia a realização das prévias o mais distante possível do prazo final de desincompatibilização do cargo (7 de abril). O prefeito ainda não está inscrito na disputa.

D’Ávila também fez referência ao que chamou de “lamentável reunião do diretório estadual” e defendeu a importância do apoio dos pré-candidatos à candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência da República. Sobre o tema, Pesaro chegou a dizer: “Aqui ninguém nunca pensou em disputar com Geraldo Alckmin” – o que soou como outra referência ao prefeito de São Paulo.

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Já a fala de Aníbal evidenciou as divisões do tucanato paulista. O pré-candidato chamou de “indignidade” a convocação do diretório municipal para uma reunião no mesmo horário do debate entre os postulantes. A reunião convocada pelo diretório municipal tinha como objetivo debater as regras das prévias. “Essa reunião foi feita para esvaziar o nosso debate. O partido está se recusando a fazer os debates e a direção estadual está agindo de forma opressora”, afirmou Aníbal.

O debate de sábado ocorreria no diretório do Butantã, mas foi desmarcado na sexta-feira. Oficialmente, a presidente do diretório, Beatriz Botelho, disse que o cancelamento foi ocasionado por uma questão de falta de espaço. “Nossa ideia inicial era que cada candidato falasse separadamente. Nosso espaço não comportaria um debate”, afirmou a dirigente. Nos bastidores, no entanto, militantes tucanos dizem que o cancelamento foi fruto de pressão direta de Doria e seus apoiadores.

Sobre a não participação de pré-candidatos no debate, Aníbal afirmou: “Dizem que eu fustigo adversário fujão. O sujeito que disputa, mas se recusa ao debate, é porque não responde sobre os compromissos de sua campanha que não conseguiu saldar. O trabalho da Prefeitura é de segunda a domingo, não é só de marketing”.

No fim do debate, Aníbal, mais uma vez, provocou Doria, sem citá-lo nominalmente. “A Prefeitura inteira quer ver esse prefeito pelas costas, mas para isso o incensam, o estimulam”. declarou o presidente do Instituto Teotônio Vilela.

‘Oba-oba’

Após o debate, os três pré-candidatos negaram qualquer combinação de não citar o nome de Doria durante o encontro. D’Ávila foi o mais enfático. “Quem foge do debate não precisa ser mencionado.”

Os três também afirmaram que devem continuar pré-candidatos caso o prefeito confirme a intenção de concorrer. Pesaro considerou que uma oficialização da candidatura Doria pode ser positiva para o debate interno do PSDB. Para Aníbal, porém, a entrada do prefeito na disputa é apenas um “oba-oba”.

Procurada, a assessoria de imprensa do prefeito afirmou que Doria cumpriu três agendas no sábado, mas não quis comentar sobre a ausência dele no debate. Oficialmente, o prefeito ainda não é pré-candidato.

Nesta segunda-feira, 12, Aníbal, Pesaro e D’Ávila vão participar de um novo encontro, que será realizado no câmpus da Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul) de São Miguel, às 19 horas. A ideia dos pré-candidatos é promover um debate por dia até a realização das prévias no partido.

Candidatura

A expectativa é de que o prefeito João Doria oficialize nesta segunda-feira sua pré-candidatura ao governo do estado. Terça-feira, 13, é o prazo final de inscrições para as prévias do PSDB. As primárias estão marcadas para ocorrer em dois turnos, em 18 e 25 de março. A assessoria de imprensa do prefeito foi procurada, mas disse não existir sinalização sobre o anúncio de uma eventual candidatura.

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A inscrição de Doria está sendo articulada pelo presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, deputado Cauê Macris, pelo líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Ricardo Tripoli (SP), pelo presidente do diretório municipal da legenda, vereador João Jorge, e pelo vice-prefeito Bruno Covas, além de outros líderes do partido.

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