Doria diz adiar candidatura para não criar fissuras com Alckmin
Prefeito de São Paulo trava uma disputa interna com o governador paulista para ser o indicado do PSDB nas eleições presidenciais de 2018
O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que “até agora” não anunciou nenhuma pré-candidatura para as eleições de 2018 porque pretende analisar a conjuntura política e evitar fissuras na relação com o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB). Os tucanos travam uma disputa silenciosa pela indicação do partido na corrida pelo Palácio do Planalto.
“Eu não quero, em função de manifestações, criar fissuras e arranhões ao governador, e principalmente nessa relação fluida e boa que tínhamos, temos e vamos continuar a ter. E também não quero fissuras dentro do próprio PSDB”, declarou Doria, em entrevista concedida ao SBT, na segunda-feira à noite.
Doria disse que a “conjuntura é que vai formatar” sua pré-candidatura à Presidência. “Não quero transformar isso num ponto divisionista dentro do PSDB e distanciador na relação com o Geraldo Alckmin. E, ao mesmo tempo, eu tenho a preocupação, sim, de preservar o arco de alianças que tem o PSDB com vários e importantes partidos”, afirmou.
Apesar de tomar cuidado com as palavras, Doria admitiu que tem o interesse de concorrer ao Planalto. “Quem não gostaria de ser presidente do Brasil?”, disse. “Qualquer pessoa gostaria disso. Uma coisa é desejar, outra coisa é formalizar, estabelecer a sua própria rota, o seu caminho.”
Delações
Na entrevista, Doria também defendeu a ideia de que sejam feitos ajustes nos acordos de colaboração premiada. “Alguns ajustes deveriam ser incorporados para que não houvesse dúvida de que o mecanismo de delação premiada é bom”, declarou.
O prefeito afirmou que as mudanças evitariam os problemas registrados na delação da JBS. O acordo com o executivo Joesley Batista e com o diretor de relações institucionais da empresa, Ricardo Saud, foi rescindido após a Procuradoria-Geral da República (PGR) ter acesso a um áudio em que os colaboradores admitiam ter omitido provas.
“Esse episódio específico da JBS foi um caso. Os juristas que conhecem melhor isso atestam que teria sido melhor produzir provas antes do que fazer o acordo e permitir uma situação minimamente esdrúxula, em que o delator vai passar férias em Nova York ou vai viver no exterior, andando de jatinho ou passeando de iate, e largando a situação passada, ou seja, quase como um salvo-conduto eterno”, disse Doria.