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Doria desiste de incluir ‘ração humana’ na merenda escolar

Pessoa próxima ao prefeito de São Paulo diz que ele recuou por perceber que medida contrariava regras de programa alimentar da própria prefeitura

Por Da Redação
19 out 2017, 21h58

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), desistiu nesta quinta-feira 19 de incluir neste mês a “ração humana” na merenda escolar da rede municipal. O produto – oficialmente chamado de farinata – é composto por alimentos perto da data de validade e que seriam descartados.

O recuo de Doria aconteceu um dia após ele ter anunciado que iria inserir o alimento como complemento na merenda escolar, em entrevista coletiva ao lado do arcebispo de São Paulo, D. Odilo Scherer. O prefeito havia tomado a decisão sem consultar a Secretaria Municipal de Educação.

Nesta quinta, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) abriu um procedimento de acompanhamento (PAC) da proposta. O processo foi aberto pelo promotor José Carlos Bonilha, da área de Direitos Humanos, que vai enviar ofícios às instituições envolvidas para que elas prestem “os esclarecimentos necessários” e que seja possível verificar o valor nutricional do produto, visto que as posições da prefeitura e do Conselho Regional de Nutricionistas (CRN) – que criticou a proposta – são divergentes. “É dever do Ministério Público zelar pela segurança alimentar da população. Nesse momento, a gente precisa entender melhor o que está acontecendo”, diz.

Uma pessoa próxima ao prefeito ouvida por VEJA afirmou que Doria decidiu recuar por ter percebido que essa iniciativa não iria dar certo e ela contrariava o programa de merenda da própria prefeitura. Em nota enviada na noite desta quinta, a assessoria de imprensa da prefeitura diz vai priorizar a distribuição da farinata para as famílias em situação de vulnerabilidade social e não cita a inserção do produto na merenda.

“A Prefeitura de São Paulo esclarece que o plano municipal de erradicação da fome e promoção da função social dos alimentos vai dar prioridade ao atendimento de famílias em situação de vulnerabilidade social, em especial aquelas que possuem crianças de até três anos”, diz o texto. “A eventual distribuição do composto alimentar do programa denominado Allimento para Todos, no formato de farinata, será de atribuição, principalmente, dos serviços municipais de assistência social”.

A farinata tem sido alvo de polêmicas desde a semana passada, quando Doria anunciou que iria usar esse produto para “erradicar a fome” em São Paulo. Vários nutricionistas tem contestado o valor nutricional da farinata, bem como a falta de transparência sobre como ela vai ser fabricada.

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