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Dodge pede investigação federal do caso Marielle e denuncia conselheiro

No seu último dia no cargo, ela determinou ainda abertura de novo inquérito sobre o assassinato; Domingos Brazão, do TCE-RJ, é acusado de obstruir apuração

Por Da Redação Atualizado em 17 set 2019, 21h31 - Publicado em 17 set 2019, 18h21

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que conclui nesta terça-feira 17 o seu mandato de dois anos no comando do Ministério Público Federal, anunciou em entrevista coletiva o pedido de federalização da investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, e uma denúncia contra Domingos Brazão, conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, e mais cinco pessoas por envolvimento no crime ou na tentativa de impedir a sua investigação.

Caso o pedido de federalização seja aceito pelo STJ, caberá à Justiça Federal, e não mais ao Judiciário local, o julgamento do caso. No mesmo pedido de deslocamento da competência para julgamento, Dodge apresentou pedido de abertura de um novo inquérito contra suspeitos que teriam participado de uma “encenação de investigação” para conduzir a apuração a falsos mandantes e esconder a verdadeira autoria dos assassinatos.

O pedido foi feito após a procuradora analisar a tentativa de obstrução das investigações. Durante o processo de análise da federalização do caso, uma cópia da investigação que estava em andamento na Justiça do Rio foi solicitada pela procuradora, mas o compartilhamento de informações foi rejeitado pelo juiz responsável pelo caso.

Além de Brazão, serão denunciados o delegado da Polícia Federal Hélio Kristian e mais três pessoas: Gilberto Ribeiro da Costa, policial federal aposentado, Rodrigo Jorge Ferreira, policial militar e Camila Moreira Lima Nogueira, advogada. Segundo a procuradoria, todos tentaram atrapalhar as investigações. Na semana passada, VEJA deu detalhes exclusivos do inquérito da PF que apurou tentativas de obstrução das investigações do crime: uma trama criada por um casal formado por um miliciano e por sua namorada para desviar o foco da polícia para apurar os verdadeiros mandantes. Também há a informação de que, às vésperas do fim de seu mandato, Dodge se baseou em uma falsa premissa para solicitar acesso à íntegra do material.

A família de Marielle Franco é contra a transferência da investigação para âmbito federal. Nesta segunda-feira 17, o pai e a mãe da vereadora, Antônio Francisco e Marinete da Silva, além da viúva do motorista Anderson Gomes, Agatha Reis, estiveram na sede do Ministério Público do Rio onde conversaram com o procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem.

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Segundo ele “a federalização do caso poderá recomeçar o processo do zero, além de abrir a possibilidade de os que já forem presos acabarem em liberdade”. Em março deste ano, uma operação do Ministério Público e da Polícia Civil prendeu Ronnie Lessa, apontado como autor dos disparos que tiraram a vida da vereadora e do motorista, e Élcio Vieira de Queiroz, denunciado por ter dirigido o carro usado no crime.

 

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Domingos Brazão, conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro: o principal suspeito no caso Marielle, segundo a PF (MAÌRA COELHO/Estadão Conteúdo)

Brazão

O conselheiro afastado do TCE-RJ teria encomendado a morte de Marielle para se vingar do deputado federal Marcelo Freixo, do PSOL, muito amigo da vereadora. Segundo essa linha de apuração, Brazão, que era do MDB, agiu em prol de políticos de seu partido prejudicados pelo fato de Freixo ter conseguido na Justiça lhes tirar o foro especial.

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O inquérito da PF, que a Polícia Civil afirma nunca ter visto, também cita Brazão como “o principal suspeito de ser o autor intelectual do crime”, mas não descarta outras possibilidades. A VEJA, o conselheiro do TCE diz: “Não tenho nada a ver com isso. Não sei a quem interessa insistir nesse absurdo”.

(Com Estadão Conteúdo e Agência Brasil)

 

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