Diretor-geral da PF destaca combate ao ‘poder econômico’ das facções
Em entrevista a VEJA, Andrei Rodrigues comentou detalhes da megaoperação contra o PCC
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, participou da edição desta sexta, 29, do programa Os Três Poderes. Em entrevista a VEJA, Rodrigues comentou a megaoperação realizada contra o PCC na quinta e destacou a importância do enfrentamento ao “poder econômico” do crime organizado.
O diretor-geral da PF também negou qualquer disputa entre diferentes núcleos da investigação e declarou que a “sinergia” entre as equipes foi essencial para o sucesso das operações. Além disso, mencionou como uma maior regulação das fintechs pode ajudar a coibir o uso de instituições financeiras para a lavagem de dinheiro.
As operações que revelaram conexões entre o PCC, os combustíveis e o mercado financeiro foram tema do debate conduzido pelo editor Ricardo Ferraz e com comentários de Robson Bonin, Matheus Leitão e Marcela Rahal. O senador Izalci Lucas (PL) também foi entrevistado para falar sobre a CPMI do INSS e o julgamento de Jair Bolsonaro.
Abastecimento criminoso
Presente em 28 países e com cerca de 40 000 membros, o Primeiro Comando da Capital (PCC) tornou-se uma das mais poderosas organizações criminosas do mundo, sendo equiparada por especialistas em segurança pública à máfia italiana, dada a sofisticação de suas operações. Seu faturamento anual é estimado em 1 bilhão de dólares pelo Ministério Público de São Paulo. Para lavar essa montanha de dinheiro sujo gerado por tráfico de drogas, roubo e outras atividades ilegais, o PCC estendeu seus tentáculos sobre os mais diversos ramos da economia. Operações policiais já desmontaram esquemas envolvendo empresas de ônibus, igrejas, produtoras de shows e contratos públicos com prefeituras. Três operações deflagradas pela PF na quinta 28 deixaram evidente que os tentáculos de negócios da facção são ainda maiores.
A primeira delas, batizada de Tank, concentrou-se nas atividades do PCC no Paraná. As outras duas operações — Carbono Oculto e Quasar — promovem uma investigação mais ampla no país. No centro de todas está uma rede de 1 000 postos de combustível espalhada por dez estados e usada pelos criminosos como lavanderia. A força-tarefa à frente das investigações estima que o esquema movimentou 52 bilhões de reais de 2020 a 2024. A forte presença da facção na cadeia de produção e distribuição de combustíveis não é novidade. Há anos, as autoridades sabem que o grupo lucra com a importação ilegal de nafta, a sonegação de impostos, a venda de combustível adulterado e fraudes nas bombas. O que as operações desta semana acrescentam à trama é a verticalização do esquema, que conta agora com quatro usinas produtoras de etanol controladas pelo PCC, além de duas usinas parceiras.
As operações também lançam luz sobre as conexões entre o crime organizado e o mercado financeiro. Onze instituições, entre empresas de pagamento, gestoras e corretoras, foram alvo de mandados de busca e apreensão. Segundo as investigações, os postos de combustível injetavam o dinheiro do PCC no sistema financeiro por meio de fintechs que operam maquininhas de pagamento, como a BK Bank, uma das empresas visitadas pela PF na quinta-feira. Em nota à imprensa, a instituição se disse surpresa com a operação, declarou que atua dentro da legalidade e se pôs à disposição das autoridades. Leia a reportagem completa.
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