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Dilma diz que perdoa quem bateu panela para pedir seu impeachment

Ex-presidente afirma a jornal alemão que ‘uma parte do Brasil se equivocou’, que o país precisa se reencontrar e que o PT não pode adotar postura vingativa

Por Da Redação Atualizado em 4 jun 2024, 19h29 - Publicado em 13 nov 2017, 20h46

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) disse nesta segunda-feira, em entrevista ao jornal alemão Deutsch Welle, que perdoa os brasileiros que bateram panelas pela sua saída do cargo e defendeu que o PT não tenha um espírito vingativo nas eleições de 2018.

Ao ser questionada sobre declaração do seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de que ele estaria “perdoando os golpistas”, em referência à aproximação com o PMDB, Dilma afirmou que “dificilmente, faremos aliança com o PMDB em nível nacional”, mas que o partido pode se aliar a alguns peemedebistas e citou os senadores Roberto Requião (PMDB-PR) e Kátia Abreu (PMDB-TO). “O Requião é do PMDB, e uma pessoa que combateu o golpe. Você não vai fazer uma aliança com a Kátia Abreu? Ela foi outra que combateu o golpe”, disse.

Para ele, “perdoar golpista não é perdoar o PMDB e o PSDB”. “Acho que perdoar golpista é perdoar aquela pessoa que bateu panela achando que estava salvando o Brasil e que depois se deu conta de que não estava. Uma hora nós vamos ter que nos reencontrar. Uma parte do Brasil se equivocou. Agora isso não significa perdão àqueles que planejaram e executaram o golpe. Você tem uma porção de pessoas que foram às ruas e que estavam completamente equivocadas. Mas você não vai chegar para elas e falar ‘nós vamos te perseguir’. Precisamos criar um clima de reencontro, entende? Não vai ser um clima vingativo, não pode ser isso.”

Ela voltou a dizer que foi vítima de um golpe. “O golpe que sofri tem três fases. A primeira e inaugural é meu impeachment. A segunda é esse estrago que eles estão provocando no Brasil, como a emenda que congela os gastos em saúde e educação. Ou a reforma trabalhista, num país que há pouco tempo saiu da escravidão, e esse processo de venda de patrimônio público. O terceiro momento do golpe é inviabilizar o Lula e, aí, vender o pré-sal.”

Perdoar golpista é perdoar aquela pessoa que bateu panela achando que estava salvando o Brasil e que depois se deu conta de que não estava. Uma hora nós vamos ter que nos reencontrar. Uma parte do Brasil se equivocou. Agora isso não significa perdão àqueles que planejaram e executaram o golpe

Dilma Rousseff (PT), ex-presidente da República
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Sobre a eleição de 2018, ela disse que “há uma maior percepção no Brasil de que o Lula está sendo perseguido”. “Na época do impeachment, conseguiram colocar a rejeição a ele e ao PT lá em cima. Eles [se referindo à imprensa e aos rivais políticos] apostam que o povo brasileiro é ignorante. Mas o povo brasileiro vai percebendo esse grau de intolerância e de perseguição.”

Renovação

Ela deu risada quando foi questionada se a política brasileira não estaria precisando de renovação. “Isso se chama ‘como tirar o Lula da parada’. Está entendendo? Com o impeachment, o PSDB acabou, sumiu. O que os conservadores conseguiram produzir? Produziram a extrema direita, o MBL [Movimento Brasil Livre] e o [Jair] Bolsonaro. E o que ainda é novo no Brasil? O gestor incompetente, tipo o Trump? O João Doria? Ou você deseja a política de animação de auditório como política social, que é o Luciano Huck? Isso é o novo?, disse.

Na sequência, lembrou da polêmica envolvendo o jornalista William Waack, da TV Globo, que foi afastado após ter sido flagrado dizendo uma frase racista (“Isso é coisa de preto”). “Você sabe o que é coisa de preto? O PT é coisa de preto. O Lula é coisa de preto. Nós somos coisa de preto. Eu sou uma coisa de preto”, afirmou.

Com o impeachment, o PSDB acabou, sumiu. O que os conservadores conseguiram produzir? Produziram a extrema direita, o MBL e o Bolsonaro. E o que ainda é novo no Brasil? O gestor incompetente, tipo o Trump? O João Doria? Ou você deseja a política de animação de auditório como política social, que é o Luciano Huck? Isso é o novo?

Dilma Rousseff (PT), ex-presidente da República
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Sobre ser candidata na eleição de 2018, ela disse que não descarta, mas que ainda não pensou seriamente sobre o assunto. “No Brasil, se eu falar que não vou me candidatar e depois mudar de ideia, vou ter que dar um chá de explicações. Contemplo a possibilidade para não ter que dar explicação”, disse.

A ex-presidente afirmou também que a história já está lhe dando razão. “Eduardo Cunha, que presidiu meu impeachment, foi afastado, suspenso, condenado a nove anos e está preso. Vários processos mostram que ele comprou deputados. Também foi comprovado que os motivos alegados para o impeachment eram ridículos, que não pratiquei nada ilegal.”

Alegaram que o impeachment ia resolver a crise econômica e política, mas essas crises só se aprofundam. O atual presidente usurpador [Michel Temer] já foi denunciado duas vezes, e o senador Aécio Neves (PSDB-MG) também, ambos enfrentam provas cabais e gravações.”

 

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