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Dificuldade de pagar as contas explica mau humor do eleitor com Bolsonaro

Para reverter a situação, governistas estudam uma farra fiscal e gastos extras de até 100 bilhões de reais neste ano eleitoral

Por Daniel Pereira 12 fev 2022, 12h35

Jair Bolsonaro aposta numa série de medidas adotadas no ano passado para recuperar popularidade e turbinar sua campanha à reeleição. Com a nomeação do pastor presbiteriano André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente acredita que conquistará o apoio da maioria do eleitorado evangélico. Já com a implantação do Auxílio Brasil, programa de transferência de renda que substituiu o Bolsa-Família, ele acha que ganhará terreno entre aqueles que têm renda mensal de dois a cinco salários mínimos. Até aqui, essas duas iniciativas não renderam os frutos esperados.

Encomendada pela Genial Investimentos, uma pesquisa da Quaest divulgada na quarta-feira 9 mostrou que a avaliação negativa ao governo do ex-capitão subiu, entre janeiro e fevereiro, tanto entre evangélicos (36% para 37%) quanto entre quem ganha de dois a cinco salários mínimos (52% para 57%). Uma série de fatores explica esse alto nível de rejeição. Um deles é a crise econômica, especialmente a carestia dos preços. Em janeiro, a inflação oficial foi de 0,54%, a mais alta para o mês desde 2016. No caso da inflação dos mais pobres, o índice foi ainda maior, de 0,67%. No acumulado de doze meses, superou a casa dos 10%.

O reflexo desses dados no bolso e no humor do eleitorado, dizem os próprios aliados do presidente, é uma das principais ameaças à reeleição. De acordo com o levantamento da Quaest, 80% desaprovam a atuação do governo no combate à inflação. Mais: 53% dizem que, nos últimos três meses, tiveram mais dificuldade para pagar as próprias contas. Só 18% afirmaram que a situação melhorou. Na faixa de renda entre quem ganha de dois a cinco salários mínimos, passou de 60% em janeiro para 65% em fevereiro o percentual de quem declara ter tido mais dificuldade para se sustentar.

Como a adoção do Auxílio Brasil até agora não foi capaz de impulsionar a campanha à reeleição como Bolsonaro esperava, seus aliados, com o consentimento do presidente, querem promover uma farra fiscal. A ideia é promover gastos adicionais de 50 bilhões de reais a 100 bilhões de reais, com medidas que vão da diminuição de tributos de energia à adoção de um vale-diesel para caminhoneiros. Em campanha, políticos fazem o diabo, como disse certa vez Dilma Rousseff. O problema, como reza a sabedoria popular, é que as consequências vêm depois. Técnicos da equipe econômica afirmam que, se esse pacotaço for aprovado, o Brasil enfrentará, entre outros males, mais inflação e alta de juros.

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