Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Delator detalha acordo informal de Bretas com ex-governador Sergio Cabral

Criminalista Nythalmar Dias Ferreira Filho fechou acordo de colaboração com a PGR que mira o juiz Marcelo Bretas, responsável pela Lava-Jato no Rio

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 5 jun 2021, 13h32

O advogado criminalista Nythalmar Dias Ferreira Filho, que fechou um acordo de delação premiada com a Procuradoria-geral da República (PGR) há cerca de dois meses, disse em sua proposta de colaboração com a Justiça que o juiz Marcelo Bretas, titular da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, intermediou um acordo informal com o ex-governador do estado Sergio Cabral (MDB) em que a moeda de troca seria poupar a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo das investigações da Lava-Jato. Responsável pelos casos relacionados ao petrolão no Rio, o magistrado negou a acusação do delator e, em nota da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), informou que “nega veementemente a acusação de ter participado da celebração de acordo para favorecer Adriana Ancelmo ou Sérgio Cabral”.

No anexo 2 do acordo de colaboração, Nythalmar afirma que, por volta de maio de 2018, a pedido do ex-deputado Marco Antonio Cabral, filho do ex-governador, procurou Bretas com a proposta de livrar Adriana. Segundo o relato do advogado, o juiz foi abordado em seu próprio gabinete e ouviu a proposta de Cabral e Adriana para que a ex-primeira-dama fosse retirada das investigações da Lava-Jato. “Nesta ocasião o dr. Marcelo Bretas falou que tal demanda poderia ser atendida desde que eles abrissem mão de todo o patrimônio que possuíam e que Sérgio Cabral assumisse os crimes a ele imputados”, disse o delator. Na sequência, ainda conforme a versão de Nythalmar à PGR, ficou acertado que Bretas iria “ajustar preliminarmente” o acordo com o procurador Eduardo El Hage, da Lava-Jato no Rio.

No dia 12 de junho de 2018, no parlatório do presídio de Bangu 8, onde Sérgio Cabral está preso, o criminalista delator disse ter informado ao ex-governador que “existiu um interesse recíproco de ambas as partes, tanto dele quanto do juízo”. Ao saber das condições da proposta – abrir mão de todo o patrimônio – o emedebista, no entanto, teria protestado: “Isso é um absurdo, esses bens não são meus. São da Adriana. Adriana não fez nada. Eu preciso salvar a Adriana”. Em seguida, porém, Cabral concordou com a proposta e “nesse momento Sérgio Cabral afirma que na audiência, ao que se recorda aconteceria no dia seguinte, iria iniciar o processo de assumir as imputações criminosas como forma de acenar a seriedade deste acordo informal”.

Continua após a publicidade

Quando Bretas foi informado de que o ex-governador concordou com o suposto acordo, relata o delator, o juiz teria dito que também já havia “ajustado com a força-tarefa do MPF-RJ” e exigido que o casal Sérgio Cabral e Adriana Ancelmo redigissem “uma carta de próprio punho abrindo mão de todo o patrimônio e juntassem aos autos”. Na Operação Eficiência, onde, segundo o delator, o “acordo informal” começaria a ser colocado em prática, Adriana Ancelmo ganhou isenção de pena no crime de lavagem de dinheiro, mas foi sentenciada em quatro anos e meio por corrupção.

Nythalmar disse que o MP recorreu da sentença “a fim de encobrir a sua participação e a do juiz” e afirmou que tem um áudio que provaria que as articulações não se restringiram a este episódio e que “demonstra a participação, ciência e aquiescência de acordo similar” na Operação Saqueador, que teve como alvos o ex-dono da construtora Delta Fernando Cavendish. Em nota, os procuradores da Lava-Jato no Rio disseram que o relato do episódio é “incongruente” e que “é surpreendente que a Procuradoria-Geral da República tenha celebrado acordo de colaboração com Nythalmar Dias Ferreira Filho, figura conhecida por distorcer a realidade de fatos para obter benefícios pessoais”.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.