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Defesa de Bendine desmente MPF e mostra passagem de volta

Em entrevista coletiva, Ministério Público citou a ausência de bilhete de volta como uma das razões que justificaram o pedido de prisão de executivo

Por Guilherme Venaglia
Atualizado em 4 jun 2024, 18h18 - Publicado em 27 jul 2017, 15h44

Uma das justificativas que ensejaram o pedido de prisão do ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine, a informação de que ele viajaria a Portugal nesta sexta-feira sem passagem de volta agendada, foi desmentida pela defesa do executivo. Tendo como passageiros Bendine e sua família, um bilhete aéreo para um voo de Lisboa rumo ao Aeroporto de Campinas, no interior de São Paulo, em 19 de agosto, foi emitido no último dia 3.

Na entrevista coletiva em que detalhou a Operação Cobra, 42ª fase da Operação Lava Jato, o procurador Athayde Ribeiro Costa afirmou que o Ministério Público Federal (MPF) procurou, mas não encontrou, nenhum registro de que Aldemir Bendine pretendesse retornar ao Brasil após a sua viagem às terras lusitanas, que estava prevista para sexta-feira.

No despacho em que determinou a prisão temporária, o juiz federal Sergio Moro citou essa informação, tendo mesmo determinado que a prisão ocorresse de modo a evitar a fuga. Com cidadania italiana – e, portanto, passaporte europeu –, o ex-presidente da Petrobras teria extradição mais difícil caso estivesse em solo português ou italiano. Moro não citou a possibilidade de que Bendine tivesse um bilhete de retorno, mas Costa, na mesma coletiva, argumentou que isso não seria  suficiente para desmerecer a tese do pedido de prisão.

BendineVolta
(Reprodução/Reprodução)

Para o advogado Pierpaolo Bottini, a existência da passagem de volta deveria fazer com que Moro reconsiderasse sobre a prisão do seu cliente. “A prisão temporária de Aldemir Bendine com base em uma suposta viagem só de ida para Portugal deve ser reconsiderada, uma vez que a defesa juntou a passagem de volta e as reservas em todos os hotéis nos quais ele se hospedaria. Vale destacar que em 7 de julho o executivo juntou petição na qual se colocou à disposição do ministério público para esclarecer os fatos e juntou seus dados fiscais e bancários, abrindo mão do sigilo. A cautelar é absolutamente desnecessária”, escreveu o defensor.

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Acusação

Segundo nota do Ministério Público Federal (MPF), o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras é acusado de pedir e receber o pagamento de 3 milhões de reais em propinas da construtora Odebrecht. Em acordos de delação premiada, Marcelo Odebrecht e Fernando Ayres, ex-executivos da empreiteira, informaram terem sido cobrados por Bendine em dois momentos.

No primeiro, quando Bendine estava à frente do banco estatal, o empresário André Gustavo Vieira, identificado como seu operador, teria procurado a empresa, pedindo dinheiro em troca do prolongamento de um empréstimo da Odebrecht Ambiental na estatal. Segundo as colaborações, esse primeiro valor não foi pago.

Já em 2015, quando o executivo estava prestes a ser nomeado pela então presidente Dilma Rousseff (PT) para o comando da Petrobras, teria voltado a fazer contato. Dessa vez, a solicitação seria dos 3 milhões que foram pagos. A contrapartida, dizem os delatores, era uma espécie de proteção à construtora dentro da petroleira após a eclosão da Operação Lava Jato.

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