‘De hoje não passa’, diz Mourão sobre demissão de Bebianno
Saída do ministro ainda não foi oficializada pelo governo e deve ser publicada em edição extra do 'Diário Oficial da União' nesta segunda
O governo está em compasso de espera para o desfecho que o presidente Jair Bolsonaro pretende dar ao imbróglio que envolve o ainda ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno. A expectativa é de que o impasse, iniciado na quarta-feira da semana passada, culmine com a demissão do ministro nesta segunda-feira, 18. “De hoje não passa”, afirmou o vice-presidente, Hamilton Mourão, no fim da manhã. “Bebianno vai ser exonerado hoje pelo presidente”, reforçou.
O desfecho completo da crise deverá ser conhecido apenas por volta das 17h, em comunicado do porta-voz da Presidência, o general Otávio Rêgo Barros. Além de Mourão, outros interlocutores diretos do presidente afirmam que, apesar de a demissão de Bebianno não ter sido publicada na edição do Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira, sairá ainda hoje, em edição extra.
O desgaste em torno do ministro Bebianno preocupa o segmento militar do governo, que considera que a crise já foi muito além do que deveria e tem prejudicado toda a agenda positiva que vinha sendo trabalhada. Embora o governo esteja com menos de cinquenta dias, desde a posse, os militares tiveram de atuar para “apagar incêndios”. Já que a situação de Bebianno é insustentável, questionam os auxiliares, é preciso virar logo a página para que o governo volte a focar em agendas positivas.
Prolongar a crise de Gustavo Bebianno até esta segunda foi considerado um erro pela ala militar, porque o governo pretende encaminhar ao Congresso o texto da nova Previdência na quarta-feira 20, e auxiliares de Bolsonaro temem que a estratégia pró-reforma seja contaminada. A assessoria do Planalto informou que o presidente avalia levar pessoalmente a proposta da reforma da Previdência ao Congresso.
Jair Bolsonaro passou a manhã no Palácio do Planalto, para onde foi depois de se reunir com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, no Palácio da Alvorada. Desde cedo, Bolsonaro está com “despachos internos” na agenda, mas se encontrou também com outros ministros – Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, e general Santos Cruz, da Secretaria de Governo – e decidiu não ir para o Alvorada almoçar.
O presidente já foi avisado de que Bebianno poderá sair do cargo “atirando”. Os principais assessores do presidente esperam que, com a volta do presidente ao Planalto e a redução da influência dos filhos sobre ele, particularmente o vereador Carlos Bolsonaro, haja um pouco mais de serenidade no governo e Jair Bolsonaro passe a ouvir um pouco mais a chamada ala mais moderada do Palácio.