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Datas: Carlos Langoni, Raul de Souza e Marco Maciel

O economista, o músico e o político

Por Da Redação Atualizado em 4 jun 2024, 13h35 - Publicado em 18 jun 2021, 06h00

A modernização do Banco Central brasileiro deve muito ao economista Carlos Langoni. Em 1979, então diretor da instituição, ele ajudou a elaborar a Selic, a taxa básica de juros. De 1980 a 1983, durante o governo de João Figueiredo, foi presidente do BC. Permanentemente atento aos problemas derivados das imensas desigualdades sociais, Langoni dedicava-se a construir estratégias de redução das inaceitáveis diferenças. Recentemente, sugeriu ao ministro Paulo Guedes — com quem dividiu assento na Universidade de Chicago e compartilhava das ideias liberais — uma série de mudanças no marco regulatório do gás natural de modo a reduzir os custos para o consumidor final. “Ele era construtivo, preparado, com espírito público”, disse Guedes. Langoni ocupava a diretoria do Centro de Economia Mundial da Fundação Getulio Vargas. Estava internado no Rio de Janeiro desde dezembro de 2020 em decorrência da Covid-19. Morreu em 13 de junho, aos 76 anos.

Um som inigualável

“SAMBA-JAZZ” - O trombonista carioca: fama internacional -
“SAMBA-JAZZ” - O trombonista carioca: fama internacional – (Raul de Souza/Divulgação)

Autodidata, apaixonado por Louis Armstrong, o trombonista carioca Raul de Souza, nome artístico de João José Pereira de Souza, desenvolveu um estilo inigualável, o “samba-­jazz”. Treinado no chorinho e nas gafieiras, tirava de seu instrumento ritmos e sons admirados internacionalmente. Conviveu e tocou com lendas americanas como Sonny Rollins e George Duke. Seu primeiro álbum, À Vontade Mesmo, é de 1965. O último, Plenitude, foi lançado neste ano. Morreu em 13 de junho, aos 86 anos, em Paris, de causas não reveladas pela família.

A voz da civilidade

LEALDADE - O pernambucano: o vice-presidente calmo de FHC, entre 1995 e 2002 -
LEALDADE - O pernambucano: o vice-presidente calmo de FHC, entre 1995 e 2002 – (Ricardo Stuckert/.)

O perfil longilíneo do pernambucano Marco Maciel, 60 quilos distribuídos em 1,87 metro, com os traços finos dos personagens das telas de Modigliani, era a falsa moldura de fragilidade de uma personalidade firme. Vice-presidente durante os oito anos de mandato de Fernando Henrique Cardoso, de 1995 a 2002, encarnava a voz calma e sensata a alinhavar os avessos ideológicos. Com Maciel, não havia embate político que perdesse civilidade. “Se me pedirem uma palavra para caracterizá-lo, diria: lealdade”, postou FHC nas redes sociais. Lealdade que ele demonstrara também ao governo do regime militar depois do golpe de 1964. Como presidente da Câmara dos Deputados em 1977, o então parlamentar eleito pela Arena era a ponte entre os generais que decretaram o fechamento da Casa durante duas semanas e os deputados. Maciel diria, depois, que sem sua atuação apaziguadora e a do presidente do Senado, Petrônio Portela, “tudo seria pior”. Tinha razão. Desde 2014, lutava contra o Alzheimer. Em março, contraiu Covid-19, mas conseguiu deixar o hospital. Morreu em 12 de junho, aos 80 anos, em Brasília, em decorrência da falência de múltiplos órgãos.

Publicado em VEJA de 23 de junho de 2021, edição nº 2743

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