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Cid: Radicais ‘romantizavam’ artigo 142 e queriam braço armado para golpe

Em acordo de delação, ex-ajudante de ordens disse que Pazuello fazia parte do grupo de extremados, que acreditavam que CACs dariam suporte à sublevação

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 Maio 2024, 12h21 - Publicado em 17 mar 2024, 19h10

Homem de confiança de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid disse em seu acordo de delação premiada celebrado com a Polícia Federal que um grupo de radicais que orbitavam o ex-presidente “romantizavam o 142” e utilizavam o artigo constitucional como sustentação jurídica para um golpe de Estado. Entre os radicais, afirmou Cid, havia a defesa constante de que fosse disponibilizado um “braço armado” para o intento golpista. Fazia parte do grupo de extremistas o ex-ministro da Saúde e atual deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ).

RADICAIS - Delação de Cid aponta grupo que queria 'braço armado' para golpe

De acordo com Mauro Cid, que é obrigado a dizer a verdade aos investigadores sob pena de perder seu acordo de colaboração e voltar a ser preso, os radicais queriam que Bolsonaro assinasse um decreto que jogaria o país no arbítrio e acreditavam que o então mandatário teria apoio do “povo” e de CACs, o grupo de colecionadores, atiradores e caçadores que, no último ano do governo do capitão, conseguiu quase 800.000 certificados de registro de armamento.

O artigo 142 a que se refere Cid estabelece que “as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”. Na visão deturpada de bolsonaristas, porém, o texto autorizaria uma intervenção militar se o objetivo dela fosse, por exemplo, restaurar a ordem. Essa interpretação, já rechaçada pelo STF, é reverberada pelo jurista Ives Gandra Martins.

No roteiro golpista encontrado no telefone celular de Cid e revelado por VEJA, é feita uma consulta a Martins, que afirma, entre outras coisas, que o emprego das Forças Armadas pode ocorrer em um cenário de “crise entre poderes”. Àquela altura, apoiadores de Jair Bolsonaro interpretaram que, a pretexto de o Brasil estar diante de uma “situação abusiva do Judiciário”, militares poderiam ser acionados.

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