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Cid Gomes: parte do PT já deu por perdida a disputa presidencial

Para senador eleito, que causou polêmica ao cobrar autocrítica do PT, partido se preocupa em consolidar-se como oposição a um eventual governo Bolsonaro

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 16 out 2018, 19h35 - Publicado em 16 out 2018, 19h14

O senador eleito Cid Gomes (PDT-CE) disse, nesta terça-feira, 16, que parte do PT já deu por perdida a disputa presidencial no segundo turno das eleições 2018 e está “se lixando” para o presidenciável Fernando Haddad. Na visão do irmão de Ciro Gomes (PDT), a “companheirada” só está pensando em garantir a hegemonia na oposição a um futuro governo de Jair Bolsonaro (PSL).

“Eles (petistas) querem ser hegemônicos inclusive na oposição. Boa parte da companheirada aí já deu por perdido (o segundo turno) e está pensando nisso, em ser hegemônico na oposição. Estão se lixando para o Haddad. São incapazes de um gesto de grandeza, mesmo que isso seja permitir uma oportunidade para o jovem, talentoso, inteligente, preparado que é o Fernando Haddad. Eu acho que isso (gesto de autocrítica) tem que partir de quem está no comando do PT”, afirmou.

Cid provocou polêmica em ato político realizado em Fortaleza (CE), na noite de segunda-feira, 15, no qual conclamou o PT para que fizesse uma autocrítica para não “perder feio” de Bolsonaro no pleito presidencial. O pedetista acabou vaiado pela plateia, que começou a gritar o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso em Curitiba na Operação Lava Jato. Após a fala de Cid, o PT considera improvável criação de frente ampla contra Bolsonaro.

Nesta terça-feira, Cid Gomes reiterou essas críticas e disse que é uma característica do PT não fazer gestos para reconhecer erros. “Se tem uma possibilidade de reversão desse quadro (liderança de Bolsonaro), extremamente avesso ao Haddad, que eu considero o melhor candidato, é a gente ir no nó da questão, que é essa ânsia, essa raiva, essa vingança, que boa parte dos brasileiros tem em relação ao PT”, disse. “Penso que a única forma de se contrapor a esse sentimento é desvincular. É um pedido de desculpas, é o reconhecimento de erros. Ser humilde não faz mal a ninguém, nunca vi ninguém sofrer porque fez gesto de humildade, de reconhecimento de erros. Falta infelizmente (esse reconhecimento de erros), que pelo visto é característica do PT”, afirmou.

O senador eleito disse, ainda, que há um sentimento na sociedade brasileira de “dar uma lição” tanto no PT quanto no PSDB, mas os tucanos já tomaram a “porrada” no primeiro turno, quando o presidenciável Geraldo Alckmin figurou como quarto colocado.

“(A rejeição da sociedade) não é só PT, não, ao PSDB também. Acho que há um sentimento de virar as duas páginas (PSDB e PT). O Alckmin levou a primeira porrada, o PSDB levou a primeira porrada no primeiro turno. É óbvio que o PT é um partido que tem mais máquina, acabou elegendo a maior bancada, que no final das contas é 10% do Congresso. Isso, para um partido que teve o presidente da República por quatro mandatos seguidos, é nada. Então há um sentimento de dar uma lição no PSDB e no PT e agora o Haddad será vítima disso”, disse.

Mais cedo, Cid usou seu perfil no Facebook para tentar contornar a repercussão de suas declarações. Ele escreveu na rede social que Haddad é “infinitamente melhor que o Bolsonaro”. “Eu não quero me vingar de ninguém. Para o Brasil o menos ruim é o Haddad. Por isso penso que seria melhor que ele ganhasse”, publicou.

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