Castro diz que exoneração de Washington Reis foi ‘desrespeitosa’, mas ‘estava nos planos’
Nas redes sociais, governador do Rio anunciou que não vai reverter a demissão feita pelo presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar

O governador do Rio, Claudio Castro (PL), anunciou nesta quinta-feira, 10, que vai manter a exoneração do presidente do MDB no Rio, Washington Reis, da Secretaria Estadual de Transportes. A demissão ocorreu na última semana e foi feita pelo presidente da Assembleia fluminense, Rodrigo Bacellar (União), que ocupava como interino a cadeira de Castro, enquanto o mandatário viajava. Nas redes sociais, o político do PL disse que o ato de Bacellar foi “intempestivo e desrespeitoso”, mas ponderou que o movimento já estava em sua previsão.
“A demissão do secretário Washington Reis vinha sendo tratada e discutida, nas últimas semanas, por conta de suas sinalizações, desalinhadas ao nosso grupo político. Ela já estava em minha previsão e seria realizada após o retorno do meu período de férias. Este fato não justifica o ato intempestivo e desrespeitoso do presidente da Assembleia em exonerá-lo sem a minha aprovação ou sem dialogar com os campos políticos de nossa base”, escreveu Castro.

A declaração representa um recado público da insatisfação no entorno do governador, e especialmente do grupo de Bacellar, depois que Washington Reis compartilhou nas redes sociais encontros com o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD). O incômodo nasce de uma polarização antecipada para a eleição ao Palácio Guanabara no ano que vem: Bacellar deve ser o candidato com o apoio de Castro, enquanto Paes será seu principal opositor na disputa.
“Ao longo de toda a minha trajetória, sempre acreditei que a boa política é feita com diálogo, respeito e muito trabalho. À frente do Governo do Rio, sempre primei para que, eu e todo o nosso time, colocássemos os interesses da população acima de qualquer ambição, política ou pessoal”, publicou Castro, antes de completar: “Mantenho a exoneração de Washington Reis, mas este assunto será discutido pelos presidentes de partidos do nosso campo político, já que a sucessão ao governo estadual é um projeto de um campo político e não de um desejo pessoal e descoordenado”.
Na manhã desta quinta, após reunião no Palácio Guanabara com Castro, Washington Reis disse compreender a decisão do governador, quem classificou como “grande amigo”, em tom apaziguador.
“O governador é um grande amigo, grande parceiro político. A gente compreende essas questões políticas, é assim mesmo. Anteciparam a disputa política. O mais importante é que a nossa conversa, 99% foi transição de trabalho”, afirmou.
Ex-prefeito da cidade de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, Washington Reis tem na região, a mais populosa do estado além da capital, seu grande reduto político. Ele estava à frente da pasta de Transportes desde o início de 2023, quando Castro assumiu seu segundo mandato como governador do Rio.
Próximos passos

Também nesta quinta-feira, foi publicado em edição extraordinária do Diário Oficial do Estado do Rio o nome da substituta de Washington Reis para chefiar a Secretaria de Transportes. Priscila Haidar Sakalem, que até então era assessora no gabinete de Claudio Castro, vai assumir o posto.
Antes de anunciar nas redes sociais sua decisão, contudo, o governador do Rio enviou, na noite desta quarta, seu secretário de Governo, André Moura, para uma reunião com Bacellar e sua base de parlamentares da Alerj. O encontro, que aconteceu em um restaurante em Ipanema, na Zona Sul carioca, fez eco à pressão dos deputados estaduais e do presidente da Casa para que Washington Reis não voltasse à pasta de Transportes. E, com a decisão antecipada por Castro, representou mais uma vitória política de Bacellar.
Horas depois de assumir como governador em exercício na última semana, Bacellar tratou de publicar a exoneração de Washington Reis no Diário Oficial — para a surpresa de Castro, que naquele momento estava em um voo ruma a Portugal. O ato foi visto como uma mostra de enfraquecimento político do mandatário, especialmente em relação ao presidente da Alerj. Tanto é que o senador Flávio Bolsonaro (PL/RJ) chegou a sugerir publicamente que Castro revertesse a exoneração. Nem isso bastou.