Candidato ao governo de Minas, Kalil quer limpar o passado
Ex-prefeito agora se dispõe a vender uma fazenda para quitar os débitos trabalhistas, mas o imóvel já se encontrava penhorado pela Justiça

Ao lançar seu nome como candidato ao governo de Minas Gerais, com o apoio do ex-presidente Lula e do PT, o ex-prefeito Alexandre Kalil tenta por todos os meios se vacinar contra eventuais ataques dos opositores durante a campanha. Kalil responde a 73 processos trabalhistas e foi condenado em mais de 40 deles a ressarcir ex-funcionários que denunciaram o não pagamento de salários, o não recolhimento do FGTS e a apropriação do INSS.
O ex-prefeito disse a VEJA que ofereceu uma fazenda de 19 milhões de reais no município de Matosinho (MG) para quitar todos os seus débitos trabalhistas, que somam 16 milhões de reais. De fato, há uma petição da empresa de Kalil impetrada em 20 de outubro do ano passado junto à vice-presidência do Tribunal Regional do Trabalho mostrando a intenção de alienar um bem imóvel para pagar as dívidas.
Mas antes mesmo dos advogados da empresa de Kalil apresentarem a petição à Justiça, a fazenda em Matosinho já estava penhorada pela Justiça do Trabalho. A estratégia do ex-prefeito é a de evitar um leilão público do imóvel e em vez disso vender a fazenda por iniciativa particular.
O pedido de Kalil para vender o bem a um particular, antes que a Justiça do Trabalho leve a fazenda a leilão, está previsto na legislação sobre expropriação de devedores, segundo despacho do juiz titular da Vara de Trabalho de Belo Horizonte, Marcio José Zebende.
Mas há mais problemas no caminho do ex-prefeito. Ele também é acusado de omitir receitas milionárias em processos que tramitam no Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Além disso, Kalil e suas empresas possuem débitos inscritos na Dívida Ativa da União no valor de 48 milhões de reais. Esse conjunto pode se transformar em um entrave político para as pretensões do ex-prefeito, que aparece em segundo lugar nas pesquisas.