Brasileiros e a comunidade global acompanham com atenção o julgamento histórico de Jair Bolsonaro
O julgamento de Bolsonaro e aliados ecoa no mundo como marco inédito, testando os limites da democracia brasileira diante de crises internas.

Desde 2 de setembro de 2025, tramita na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) o julgamento de Jair Messias Bolsonaro e outros sete acusados — incluindo ex-ministros e generais — sob severas acusações relacionadas a um suposto plano de golpe de Estado após sua derrota nas eleições de 2022.
As denúncias da Procuradoria-Geral da República abordam crimes como tentativa de golpe, organização criminosa armada, abolição violenta do Estado de direito, dano qualificado e prejuízo ao patrimônio histórico. Entre as acusações mais graves, constam planos — ainda não concretizados — para emitir decretos emergenciais, desacreditar o sistema eleitoral e até assassinar o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.
Judicialmente, o início da fase final do julgamento conta com falas de peso. O relator Alexandre de Moraes destacou a independência e a soberania do STF, afirmando que “não cederá a pressões internas ou externas”, num claro enfrentamento às tentativas de interferência estrangeira.
No panorama internacional, a imprensa vem cristalizando o caráter inédito do processo. O The Guardian observou que “pela primeira vez na história brasileira, figuras tão poderosas enfrentam a Justiça por tentarem derrubar a democracia do país”. O New York Times reforça o caráter excepcional e ensaia que “é quase certo que ele será considerado culpado e poderá enfrentar décadas de prisão”. El País vai além ao classificar como “o julgamento mais importante da história recente do país”, destacando que nenhum ex-presidente havia sido levado a juízo por tentativa de golpe de Estado.
As tensões externas também chamam atenção. O julgamento ocorre em meio a uma crise diplomática crescente com os Estados Unidos, onde o presidente Donald Trump reagiu com declarações de apoio e sanções econômicas ao Brasil — como tarifas de 50% e restrições de vistos — classificando o processo como “caça às bruxas”.
Na mesma toada, setores da defesa de Bolsonaro denunciam cerceamento de direitos. Seu advogado, Celso Vilardi, declarou ao STF que houve restrições ao acesso à prova e crítica ao caráter célere do julgamento.
Analistas globais veem no julgamento um símbolo de amadurecimento institucional. Para cientistas políticos e veículos como The Economist, esse processo representa uma prova de resiliência democrática — especialmente num país marcado por ditaduras militares e tentativas de ruptura política.
As sessões, transmitidas ao vivo, atraem milhões de espectadores e devem se estender até 12 de setembro, com a possibilidade de condenações somando mais de quatro décadas de prisão.